Se em terra a falta de umidade tem provocado perdas, na água, o menor volume de chuva tem alimentado as expectativas de tamanho da safra de camarão no Rio Grande do Sul. A projeção é de que sejam pescadas de três a quatro mil toneladas de camarão-rosa, quantidade acima da média histórica registrada pela Universidade Federal do Rio Grande (Furg).
A pesca do camarão-rosa é feita em estuários, que funcionam como “berçários”, explica coordenadora de assistência técnica e extensão rural de pesca artesanal da Emater, Ana Spinelli. Nesse local, as larvas vindas de Santa Catarina se desenvolvem até um estrato juvenil, quando tem início a pesca no Estado. O principal ponto da atividade é na Lagoa dos Patos.
— Se há muita chuva, os estuários enchem e parte da água vai para fora deles. Isso funciona como uma barreira para as larvas que estão entrando (de SC para o RS). Elas não conseguem nadar contra a corrente — explica o responsável pelo Laboratório de Crustáceos da Furg, Felipe Dumont.
Além da Lagoa dos Patos, onde a abertura oficial da safra será na próxima quarta-feira, a pesca do camarão-rosa ocorre no Rio Tramandaí. Nesses locais, há 3,2 mil pescadores envolvidos na atividade. É o caso de Venina e Paulo Morais, que pescam no rio até cem quilos de camarão-rosa por safra. Para este ano, a expectativa é manter esse patamar, conta Venina:
– A safra está boa. E uma novidade neste ano é a maior quantidade de siri. Todos os dias, capturamos de 10 a 16 quilos de carne de siri nas redes de camarão e nas tarrafas.
Além desses dois pontos, a pesca do camarão-rosa também é realizada na Lagoa do Peixe.
*Colaborou Carolina Pastl