Dentro da lógica de não colocar "todos os ovos na mesma cesta", o agronegócio brasileiro busca ampliar alcance e quantidade de produtos negociados. Grande exportador de soja e carne, entre outros itens, o país tem muito mais a oferecer — e para mais gente. Neste ano, 49 novos mercados foram abertos, do milho à banana, aponta a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
— Quando me perguntam se o Brasil tem de vender menos para a China, digo que tem de vender mais. Para a China e o resto do mundo como um todo. Precisamos trabalhar tanto na diversificação de produtos quanto na de mercados — disse Sueme Mori, diretora de Relações Internacionais da entidade, ao abordar o tema no balanço anual.
Na relação de conquistas de 2022, ela destacou ainda a abertura da China para o amendoim sem casca. Grande comprador de produtos tradicionais, o país asiático representou uma nova janela de oportunidade a esse segmento. A abertura de portas ajudou na recuperação depois do impacto sofrido com a interrupção do fluxo de dois destinos importantes: Rússia e Ucrânia.
Outra conquista apontada como importante é a do Canadá para a carne bovina, e o acordo para negócios com Singapura, considerada um hub para a região do sudeste asiático. Na indústria de proteína animal, a entrada no México da carne suína, no mês passado, foi muito comemorada. O aval inicial é apenas para o Estado de Santa Catarina, que era o único livre de aftosa sem vacinação quando do início das negociações.
O sabor de vitória vem do potencial que a abertura dessa porta traz. Os mexicanos têm um apetite ávido: ocupam a segunda posição como os maiores compradores mundiais da proteína, com um volume de cerca de 1 milhão de toneladas.
— É um dos grandes sonhos da suinocultura brasileira e deve se consolidar agora em 2023 — comemorou Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, ao projetar o próximo ano.
A diversificação da pauta de produtos também é apontada como essencial — e com espaço para crescer. Nas frutas, por exemplo, embora seja grande produtor, o Brasil exporta 2,5%.
— O agro não é só soja, milho, carne, é muito mais — reforçou João Martins, presidente da CNA, que toca o projeto Agro BR, em parceria com a Apex Brasil para apoio no acesso ao mercado internacional.