Uma das gigantes globais do mercado de fertilizantes — e com atuação no Brasil — , a multinacional Yara fez um alerta para os riscos trazidos pela guerra Rússia-Ucrânia. Em um documento publicado no site da companhia norueguesa, o CEO, Svein Tore Holsether, sublinha o impacto do conflito (com efeito imediato sobre o abastecimento global de adubos) na segurança alimentar do planeta. E reforça a necessidade de buscar alternativas para o fornecimento desse insumo.
"É crucial que a comunidade internacional se reúna e trabalhe para garantir a produção mundial de alimentos e reduzir a dependência da Rússia, embora o número de alternativas hoje seja limitado. Isso constitui um dilema difícil entre continuar abastecendo-se da Rússia a curto prazo ou cortar a Rússia das cadeias alimentares internacionais. A última opção pode ter consequências sociais consideráveis", afirmou o executivo.
Holsether adverte ainda para a iminente ampliação da problemática da fome no mundo, com consequências a serem sentidas de forma ainda mais intensa pelas camadas menos favorecidas. "Um mundo com abastecimento alimentar instável é um mundo com fome em partes do mundo, aumento da mortalidade, conflito armado, migração, tumultos e sociedades desestabilizadas que podem acelerar ainda mais as tensões geopolíticas".
O CEO menciona o peso de russos e ucranianos na produção agrícola mundial e lembra que nos últimos dois fatores como alterações climáticas, pandemia e aumento dos preços do gás europeu "expuseram as fragilidades do sistema alimentar e a urgência da mudança". O documento termina destacando que a prioridade tem de ser a ajuda à Ucrânia e sua população, mas conclama que, ao mesmo tempo, governos se unam "e protejam a produção global de alimentos e trabalhem juntos para diminuir a dependência da Rússia".
A Yara duplicou a sua capacidade no Rio Grande do Sul, após investimento bilionário para expansão realizado no complexo do porto de Rio Grande. A empresa tem 25% de participação no mercado nacional e 35% no gaúcho.