Com o aporte de recursos extras, as análises em casos de suspeita de deriva do herbicida 2,4-D devem finalmente começar a andar. As 90 amostras coletadas até novembro estavam congeladas, à espera da liberação de dinheiro, em razão do término da verba proveniente de acordo judicial, que vinha bancando os exames. Os R$ 150 mil autorizados pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE) provêm do Fundovitis (fundo do setor vinícola) e servirão para a avaliação do material recolhido, que começa a ser enviado nesta quinta-feira (02) ao Laboratório de Análises de Resíduos de Pesticidas (Larp) da UFSM.
Segundo o chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria da Agricultura, Ricardo Felicetti, a previsão é de que até a próxima semana todas as amostras tenham sido entregues. A capacidade de recebimento diária do laboratório é de 30 coletas.
– Importante é fazer a demanda reprimida – pontua Felicetti.
Para 2022, a pasta está prevendo orçamento próprio para o trabalho de análise de resíduos, evitando que a falta de recursos volte a paralisar o processo de acompanhamento dos casos de deriva. As denúncias seguem sendo recebidas e a avaliação a campo, com coleta, feita pelos técnicos da Agricultura. Até outubro, havia 15 suspeitas registradas, com 19 amostras recolhidas. Em novembro, a quantidade coletada subiu para 90.
A análise é crucial para a comprovação ou o descarte do problema. Os resíduos de herbicidas hormonais, sobretudo o 2,4-D, foram confirmados em análise laboratorial pela primeira vez em 2018, com novos registros de lá para cá. Aplicado no controle da buva, planta daninha que afeta a soja, o produto, conforme condições de tempo, pode se "deslocar", causando perdas irreversíveis em outras culturas, como a da uva, da azeitona e da maçã, por exemplo.
O problema foi alvo de um inquérito civil público do Ministério Público do Estado. E, em 2019, foram publicadas normativas regrando a aplicação do agrotóxico. Com a adoção de políticas públicas, o órgão faz agora o acompanhamento da implementação.