As amostras para análise laboratorial de deriva de herbicidas como o 2,4-D, estão, literalmente, congeladas no Estado. Em razão do término dos recursos que viabilizavam os exames, provenientes de acordo judicial, as 19 coletas feitas entre agosto e outubro deste ano, não puderam ser remetidas para avaliação. A retomada depende de verba extraordinária adicional, já que a Secretaria da Agricultura não tem orçamento para este fim em 2021.
No próximo ano, há quantia para esse custeio específico na proposta orçamentária, explica Ricardo Felicetti, diretor do Departamento de Defesa Vegetal da pasta. Também deverão ser preparados laboratórios do Estado, com recursos do Fundovitis (fundo do setor vinícola), para os exames.
Enquanto isso, as amostras coletadas são guardadas em refrigeradores das inspetorias que atendem as denúncias no Interior.
– Tendo em vista que o princípio ativo se mantém estável, uma vez que é congelado, preserva a forma molecular – explica Felicetti sobre a armazenagem.
Balanço divulgado ontem pela secretaria, contabiliza 15 registros de suspeita de deriva (com 19 amostras coletadas), em 12 municípios, entre agosto e outubro. Em relação a igual período do ano passado, há redução de 66% . Embora os exames estejam parados, as equipes da Agricultura seguem apurando denúncias, indo ao local, e fazendo coleta. O registro segue sendo fundamental.
A Associação dos Vinhos Finos da Campanha Gaúcha contabiliza 30 casos de outubro até agora – os dados da secretaria de novembro saem no final do mês.
Resíduos de herbicidas hormonais aplicados na soja foram comprovados por laudos pela primeira vez em 2018. Em outras culturas, causam perdas irreversíveis. Em 2019, foram publicadas regras com o objetivo de conter o avanço do problema.