Assim como no campo, a as projeções feitas para a safra vão acompanhando a evolução do ciclo. O que está posto hoje pode mudar completamente amanhã. Feita essa ressalva, o primeiro levantamento feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reforça a perspectiva de o Rio grande do Sul estabelecer um novo recorde para a produção de grãos. Pela estimativa, somadas as culturas de inverno e as de verao, o volume pode alcançar 39,8 milhões de toneladas, alta de 3,8% sobre o ciclo anterior e maior patamar da história. Resultado obtido com a recuperação do milho perdido e outros dois resultados singulares: uma colheita de 21,03 milhões de toneladas na soja e de 3,78 milhões de toneladas no trigo.
Tudo isso, é claro, a depender do comportamento do tempo. Com um alerta vindo da previsão de chuva escassa nos últimos meses deste ano. E um quadro ainda sob definição entre o fenômeno La Niña (associado à falta de umidade) e a neutralidade para o verão.
– Todas as atenções estão voltadas para o clima. E preocupação total dos produtores com custo de produção, maior, cm preços que recuaram – ponderam Carlos Bestétti, superintendente regional da Conab no RS.
Há ainda que se considerar que dado inicial da Conab reflete um cálculo estatístico. Com relação à soja, por ora se estima uma área 2,7% maior, com 6,22 milhões de hectares. Segundo Bestétti, o avanço se dá em áreas de várzea e também no sul do Estado. Na produtividade, espera-se leve recuo, de 1,5%, sobre 2021, considerado um ano de rendimentos sui generis.
No milho, diferentemente de outras projeções, a Conab trabalha com a manutenção da área em 801,7 mil hectares. Reflexo, segundo o superintendente regional, da desistência de plantio por falta de umidade e temor do ataque da cigarrinha. Em contrapartida, produtividade e produção avançam 30,5%. É uma recomposição dos prejuízos das duas últimas safras seguidas, com o volume final chegando a 5,73 milhões de toneladas. Cenário que ainda não faz o RS autossuficiente, mas que resultaria em melhor oferta do grão, importante ingrediente da ração animal.
Para o arroz, o órgão aponta área 2,4% maior, o que pode ter relação com a recuperação dos mananciais de água. Mas o recuo na quantidade produzida por hectares pode encolher em 1,6% o volume total.