Criada para ampliar as opções no cardápio de negócios, a movimentação de contêineres com carne uruguaia via porto de Rio Grande ganhou corpo em 2021. A quantidade de produto trazido do país vizinho para ser exportado no terminal do Estado cresceu mais de 700% no primeiro trimestre deste ano. De janeiro a março, foram 828 TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) ante 102 TEU em igual período de 2020. Em volume, são 10.803 toneladas contra 1.085. Um dos atrativos para o embarque nas águas do Rio Grande do Sul é a menor distância, que também encolhe custos.
— A zona de produção do Uruguai está mais perto da gente do que de Montevidéu. Os frigoríficos de lá trabalham forte para fazer a carga vir para cá. É um negócio que veio para ficar — afirma Paulo Bertinetti, diretor-presidente do Tecon, o terminal de contêineres do porto de Rio Grande.
Melo, um dos principais pontos de origem da carga, fica a 280 quilômetros da cidade gaúcha e a cerca de 400 quilômetros da capital do Uruguai, Montevidéu. Duas empresas de proteína animal têm utilizado o canal de Rio Grande para a exportação da carne uruguaia. Bertinetti entende que, com as relações comerciais já iniciadas, há espaço para incluir outros itens agropecuários do vizinha na lista dos com potencial de negócios. Cita madeira, arroz e até caviar, produzido na região do Rio Negro.
— Acho que o grande projeto futuro na região será conseguirmos, em termos fiscais, trazer carga de importação do Uruguai e da Argentina — projeta o diretor-presidente do Tecon.
O novo calado do porto de Rio Grande, bem como a aprovação de isonomia fiscal são apontados como outros atrativos do terminal gaúcho. Entre todas as cargas movimentadas, o Tecon registrou, no primeiro trimestre, alta de 5,62%, com 161,45 mil TEU.