O jornalista Fernando Soares colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A próxima safra de soja do Rio Grande do Sul está longe de começar a ser retirada das lavouras, mas até dezembro já está 38% comercializada de maneira antecipada, com entrega prevista a partir de abril de 2021. O percentual, calculado pela consultoria Safras & Mercado, é recorde e está bem acima da média histórica do Estado para o período. Nesta época, em geral, apenas 20% do grão costuma estar vendido precocemente.
O movimento de comercialização antes mesmo do desenvolvimento da cultura ocorre pela valorização expressiva da oleaginosa neste ano. Produtores gaúchos têm conseguido firmar vendas acima de R$ 100 por saca, valor bem acima do obtido no momento da colheita. Apesar do índice recorde, o analista da Safras & Mercado Luiz Fernando Gutierrez Roque nota que a venda antecipada perdeu fôlego nos últimos dois meses. Em setembro, o percentual de produtores com acordos fechados para a safra de 2021 era de 35%.
– O produtor tirou o pé do acelerador, até porque já tinha vendido bastante, e a produção não está totalmente garantida. Além disso, o agricultor se voltou para o plantio nos últimos meses.
A estiagem, que retornou ao Estado a partir de outubro, também fez com que o agricultor gaúcho evitasse fechar mais contratos de venda futura, na avaliação de Roque. Depois da quebra expressiva do grão no ciclo passado, o clima de cautela impera. Ainda assim, neste momento, a expectativa é de uma colheita sem perdas expressivas ocasionadas pelo clima.
Para a soja, o principal reflexo do período de tempo seco nos últimos meses foi o atraso do plantio. O retorno da chuva em dezembro ajudou no avanço da semeadura, que atingiu 93% dos 6 milhões de hectares da cultura nesta semana, de acordo com a Emater. No entanto, a média chegava a 97% nos anos anteriores. A expectativa é de que o plantio seja finalizado até o final do ano.