A exemplo do que foi feito ao longo do circuito do Freio de Ouro neste ano, um criterioso protocolo sanitário vai regrar, neste sábado, a etapa final da prova Inclusão de Ouro. Organizada pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), a disputa voltada a pessoas com deficiência, ocorre no parque Assis Brasil, em Esteio. Serão nove participantes, entre eles o carioca Hugo Pereira Antônio. Estreante na competição, ele está desde o início do mês no Estado. Chegou com a ajuda de amigos e de uma vaquinha online para cobrir os custos.
— Na minha apresentação, eu espero inspirar essas pessoas (que têm alguma deficiência) e mostrar que praticar equitação é possível para todos, cada um com a sua limitação, cada um com a sua particularidade — conta o competidor, que é deficiente visual.
A relação de Hugo com o cavalo começou na infância, por meio da equoterapia, método terapêutico em que o animal auxilia no desenvolvimento biológico, psicológico e social. Hoje, o zootecnista trabalha com a ideia de acessibilidade equestre, na busca pela conscientização das pessoas para tornarem este ambiente física e tecnologicamente mais acessível.
Os nove competidores estão divididos em duas categorias Força A e Força B, que se diferem pela quantidade de movimentos solicitados. Em pista, ginetes com suas devidas máscaras seguirão os mesmos protocolos de prevenção à covid-19 aplicados no Freio de Ouro. O álcool em gel é liberado, mas o público, restrito. Será possível acompanhar todos os movimentos pelas transmissões em tempo real nas redes sociais da ABCCC.
O número de competidores na final acabou sendo menor do que o esperado: iniciado em setembro de 2019, o circuito de provas classificatórias ficou restrito a quatro etapas — as demais tiveram de ser canceladas em razão da pandemia.
— Tivemos 24 participantes habilitados para correr na final, só que muitos não puderam vir porque os próprios centros de treinamento onde se preparam foram fechados — esclarece Josilene da Silva Martins, coordenadora da Subcomissão do Inclusão de Ouro.
A modalidade
O Inclusão de Ouro surgiu por uma motivação de Josilene. Com luxação bilateral de quadril congênita, ela acompanhava, nos bastidores, o marido nas competições do Freio do Proprietário. Embora quisesse participar, não sentia que teria chance “de entrar em pista com reais possibilidades de vencer, de igualdade com alguém que não tenha nenhuma limitação”, como lembra.
As primeiras conversas para o surgimento de uma categoria destinada a pessoas com deficiência ocorreram em 2017. No ano seguinte, uma prova extraoficial foi feita e, em 2018, a modalidade foi oficializada pela ABCCC. Na categoria Força A, o participante faz uma andadura, uma escaramuça livre e uma figura de potros. Na Força B, uma andadura e uma escaramuça livre.
* Colaborou Isadora Garcia