Quando se lida com um inimigo invisível, como é o caso do coronavírus, a transparência e a clareza de informações tornam-se ferramentas mais do que essenciais. Evitam mensagens truncadas e a propagação de informações nem sempre acuradas. Na situação que envolve a interdição de unidade da JBS pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), a empresa perdeu a oportunidade de esclarecer melhor a situação.
No comunicado em que comenta o fechamento da unidade, reafirma as ações de prevenção tomadas e a confiança de que as atividades sejam retomadas em breve. Não contrapõe de forma direta os argumentos do MPT de que os funcionários – no total, são 2,6 mil – foram expostos ao risco. O órgão, por sua vez, detalha números e ações a partir de denúncias recebidas.
Em caso recente, uma outra indústria, também de aves, confirmou os casos e detalhou as ações tomadas. Reduziu o espaço para dúvidas.
Entidades garantem que medidas preconizadas pelos órgão de saúde têm sido seguidas à risca pelas empresas, já com habitual rigor de higiene por conta da natureza da atividade que é o processamento de alimentos. A preocupação em garantir a saúde dos trabalhadores é, mais do que demonstração de sensibilidade e zelo com as pessoas, essencial à produção.
E se parar de funcionar, o quadro que já é ruim, por conta da pandemia, pode ficar pior, com risco de abastecimento.
– A atividade é essencial e estão sendo feitos todos esforços para manter saúde do trabalhador. O setor não quer e não pode parar – argumenta José Eduardo dos Santos, diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).
Por enquanto, a produção segue normal no Estado, afirma o dirigente. Mas o recuo de até 40% nas vendas ao varejo, reflexo do fechamento dos serviços de alimentação, é um sinal de alerta. Como trabalha com larga escala e ciclos de produção datados, precisa de planejamento.
Diretor-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal, Ricardo Santin diz que o número de casos nos frigoríficos é pequeno diante do contingente de mais de 500 mil trabalhadores:
– Estão olhando só para os frigoríficos, mas onde se contaminaram as mais de 52 mil pessoas infectadas no país?