Um dos nomes fortes do governo de Jair Bolsonaro, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, tem um desafio dos grandes pela frente: convencer os americanos a reabrirem as portas de seu mercado para a carne bovina in natura. A notícia de que o embargo se mantém, enquanto o Brasil dá explicações adicionais solicitadas, foi uma nova frustração para o Planalto.
A titular da pasta embarca para os Estados Unidos no próximo dia 17, em uma viagem que já estava marcada, e disse que tratará pessoalmente da questão. Ela tem encontro com o secretário de Agricultura americano, Sonny Perdue. Mas o sentimento de decepção foi inevitável.
Na aproximação feita com o presidente americano, Donald Trump, o governo brasileiro carregava a expectativa de uma série de conquistas, algumas das quais não se confirmaram.
A retomada das exportações de carne bovina in natura é uma delas. Em março deste ano, Tereza Cristina fazia parte do grupo que esteve em missão aos EUA. E falou sobre a possibilidade de o Brasil poder voltar a vender àquele mercado em breve.
Na ocasião, foram acenadas contrapartidas. Uma seria a liberação de cota de importação de 750 mil toneladas de trigo sem tarifa. A medida não era exclusiva para os americanos, mas eles teriam a preferência nas negociações.
Depois, quando técnicos vieram ao Brasil fazer a inspeção de frigoríficos, a confiança no fim do embargo cresceu. A indústria acreditava ser possível que, ainda no primeiro semestre, as portas voltassem a se abrir. Mas o relatório liberado pelos EUA no último dia 30, com o pedido de mais explicações, manteve barrado o acesso, pelo menos por enquanto.
É claro que pressões internas não devem ser desconsideradas. Os pecuaristas americanos usam o argumento sanitário para tentar impedir a entrada do produto brasileiro, que cada vez mais ganha o paladar mundial.
A conquista desse importante mercado veio em 2015, após 15 anos de batalha. Em 2017, abscessos detectados em produto embarcado fizeram as portas se fecharem novamente.
Nessa queda de braço, o Brasil precisará do seu melhor argumento político para tentar sair com o resultado esperado. Se tem alguém com credencial para fazer isso, é Tereza Cristina. E, coincidência ou não, a prometida liberação de cota de trigo isenta de tarifa para países de fora do Mercosul saiu na última quarta-feira (6).
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