Foi com surpresa que representantes de culturas atingidas pela deriva do 2,4-D receberam as primeiras medidas adotadas pelo governo do Estado para tentar conter o problema. Duas instruções normativas, publicadas nessa sexta-feira (5), trazem novas regras com relação ao herbicida, usado para conter a buva, erva-daninha nas lavouras de soja.
A divulgação das primeiras ações foi feita na última quinta-feira (4), após reunião entre integrantes do MP, da secretaria, da Federação da Agricultura do Estado e de fabricantes do 2,4-D.
— Não fomos chamados para discutir tecnicamente o assunto. É como uma partida de futebol com a participação só do juiz e um dos times, com o outro de fora — compara Valter Pötter, proprietário da Estância Guatambu e integrante da Associação de Vinhos da Campanha.
A região tem casos confirmados, por meio de laudos laboratoriais, de deriva do produto na safra passada. Pötter reconhece que o fato positivo na ação é que “estão reconhecendo que o problema existe e que é preciso agir”. Mas faz ponderações, inclusive, de ajustes técnicos a serem feitos nas duas instruções normativas.
Na que trata sobre o termo de conhecimento de risco e responsabilidade, alega que foi omitida a participação da revenda. A responsabilidade de assinar o documento ficou “só com o produtor”.
E nos alertas a serem emitidos pelas empresas sobre os riscos, faltou detalhar, segundo o produtor, que além de temperatura e umidade relativa, tem de haver alta vazão e gota grossa no momento da aplicação para não ocorrer a deriva.
Quanto à norma sobre o cadastro de aplicadores, Pötter entende que também há pontos a serem melhorados. A ação de treinamento — prerrogativa para que o cadastro seja feito — começará inicialmente com os 23 municípios em que foram detectados resíduos do herbicida em outras culturas. Mas, no meio deles há vizinhos.
— Também entendemos que deveria haver uma prova final — completa.
A entidade da Campanha vai elaborar um documento, pontuando essas e outras questões a serem melhoradas nas instruções normativas, que serão entregues ao Ministério Público Estadual e à Secretaria da Agricultura.