Enquanto acompanha de perto o desenvolvimento das lavouras de soja no Estado, que poderão ter resultados de produtividade acima dos inicialmente projetados na região norte, o produtor também presta a atenção em um fator externo que poderá impactar diretamente seu bolso. A disputa comercial entre China e Estados Unidos poderá chegar ao fim, voltando a movimentar as peças do mercado mundial do grão.
O embate travado entre os dois gigantes da economia mundial teve como consequência o aumento expressivo da procura por soja do Brasil. Com a demanda em alta, cresceu o prêmio pago ao produto tupiniquim. O Brasil fechou 2018 com 83,6 milhões de toneladas de soja em grão exportadas, sendo 68,83 milhões de toneladas para a China. Isso dá uma ideia do peso de qualquer movimentação que envolva o país asiático.
Uma reaproximação entre americanos e chineses poderia modificar esse panorama. Com o grão dos EUA disputando a preferência, a tendência seria de redução no valor do prêmio pago pela soja do Brasil.
Na semana passada, durante participação em audiência pública da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que o assunto preocupava o governo federal:
— No ano passado, exportamos US$ 35,5 bilhões em produtos agrícolas para a China. Do total, US$ 20 bilhões foi soja. Por isso nos preocupa muito o acordo que a China e os Estados Unidos estão próximos de assinar. Deverá jogar nossos preços e o volume de exportações aos asiáticos em condições muito menos favoráveis do que temos hoje.
Nos primeiros dois meses de 2019, o apetite chinês pelo produto brasileiro se manteve: foram embarcadas 8,24 milhões de toneladas, quantidade 87,4% acima de igual período de 2018. Considerando apenas fevereiro, o crescimento foi de 112%.