A partir de setembro, quando os olhos puxados dos chineses costumam voltar-se ao mercado americano de soja, o produto brasileiro continuará atrativo. O acirramento da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China fez com que a janela de exportação fosse ampliada – com prêmios maiores sendo pagos nos portos do país para entregas previstas para setembro, outubro e até mesmo novembro.
– Normalmente, nesse período nem tem prêmio para a soja brasileira. O que está acontecendo é muito raro – indica Flávio Roberto de França Júnior, consultor da área de grãos da Datagro.
Os valores adicionais em cima da cotação na Bolsa de Chicago são crescentes. Para produto a ser entregue em agosto, o prêmio gira em torno de US$ 2,30 por bushel – fazendo a saca de soja chegar a R$ 88, beneficiada também pelo câmbio. Nos contratos para os meses seguintes, o acréscimo aumenta cerca de US$ 0,10 por mês, chegando a US$ 2,50 em outubro – elevando o preço da saca para R$ 91.
– Quanto mais distante a data de entrega, mais valorizado o produto fica – confirma Índio Brasil dos Santos, sócio da Solo Corretora.
Nesta mesma época no ano passado, por exemplo, o prêmio pago no porto de Rio Grande para entregas em outubro era de US$ 0,70 por bushel – três vezes menor do que o oferecido agora para o mesmo período.
– A média histórica para outubro é de prêmios baixos. O pico de demanda pela soja gaúcha no porto é julho e agosto. Essa situação é totalmente atípica, podendo ser uma boa oportunidade de negócio – considera Santos.
Para o produtor que não pode esperar para receber o dinheiro da venda somente em outubro, pois precisa financiar a safra atual de grãos, a alternativa para aproveitar o prêmio maior no porto é recorrer a financiamentos internacionais, indica França Júnior:
– Alongar a data do contrato pode ser uma boa estratégica comercial, até para fugir do impasse atual da tabela de frete.
A estimativa é de que até o final do ano o Brasil exporte aproximadamente 72 milhões de toneladas de soja, sendo até 75% deste volume destinado para a China.