A safra evidenciará as diferenças entre o norte e o sul do Estado. A primeira região passará praticamente ilesa aos efeitos do La Niña. A segunda, não.
No todo da produção gaúcha, o recuo será de 9,2%, com estimativa de 30,25 milhões de toneladas. O estrago poderia ter sido maior, se tivesse atingido todo o Rio Grande do Sul, e menor, se o impacto da estiagem pudesse ter sido minimizado na Metade Sul.
Durante muito tempo se discutiu se era viável o cultivo da rainha dos campos, a soja, na região. Nas últimas cinco safras, o resultado positivo colhido reforçou a tese de que sim, é possível. Mas a estiagem que agora dizima lavouras indica que, para isso, é preciso entender as particularidades da região.
– Para plantar lá, é preciso outro nível tecnológico. É um local com menos água e com outro tipo de solo – afirma Alencar Rugeri, assistente técnico da Emater.
A falta de chuva reforça as diferenças entre as duas regiões. Para se ter ideia, neste ano, na área de Passo Fundo, a produtividade estimada para a soja é de 3.539 quilos por hectare. Em Bagé, de 2.430 – diferença de 45%. No milho, o percentual é ainda maior: 110%.
– O cultivo no Sul exige do produtor e das políticas públicas estratégias. É preciso reservar água, implantar sistemas de irrigação e fazer a gestão – afirma Lino Moura, diretor técnico da Emater.
O secretário de Desenvolvimento Rural, Tarcísio Minetto, faz coro aos técnicos: o produtor precisa encontrar mecanismos para reservar água. E como uma andorinha sozinha não faz verão, é necessário que as políticas públicas amparem o interesse do agricultor em adotar mecanismos para mitigar os efeitos da falta de chuva. Minetto diz que nos dois primeiros meses de 2018 foram aplicados R$ 5,5 milhões para a abertura de 979 açudes em pequenas propriedades.
É um passo importante. Mas é fundamental manter esforços inclusive e principalmente nos anos em que o clima é generoso com a agricultura. Para garantir igualdade de condições em todos os cantos da produção.