Depois de três anos em queda, o número de bovinos abatidos no Brasil voltou a crescer, conforme dados do IBGE. A alta não chega a ser expressiva – 3,8% na comparação com 2016, com 30,83 milhões de cabeças –, mas é decorrente de fatores como o preço, que acabou determinando maior oferta do produto. O Rio Grande do Sul está entre os 16 Estados que registraram avanço – foram 31,34 mil cabeças a mais (1,65%).
Sob o impacto da Operação Carne Fraca e das delações da JBS, o mercado brasileiro viu os preços despencarem em 2017.
O valor do boi gordo que, corrigido, chegou a estar em R$ 5,20, segundo dados do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro) da UFRGS, fechou 2017 em R$ 4,80 no RS. O que aconteceu foi que, para fazer frente aos custos, o pecuarista reforçou as vendas.
– Se o preço do quilo valia mais antes, o produtor precisou abater mais para ter o mesmo faturamento – reforça Fernando Velloso, da FF Velloso & Dimas Rochas.
Júlio Barcellos, coordenador do Nespro, acrescenta que desde 2013, o processo era inverso, de retenção. Com preços mais valorizados, o pecuarista segurou o gado:
– Ele fez reserva de capital.
Zilmar Moussalle, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes do Estado (Sicadergs), confirma maior disponibilidade de animais:
– Compramos menos carne de outros Estados porque a oferta no RS foi muito boa, não parou.
O que fica complicado de entender, nesta conta toda, é por que, se para o produtor o preço segue ruim e se há oferta maior do produto, Porto Alegre fechou fevereiro com a carne bovina mais cara do país, segundo o Dieese.