A multinacional francesa Lactalis não esconde que quer ocupar a primeira posição no Brasil em volume de captação de leite. Hoje apenas a confirmação da compra da mineira Itambé – dependente de decisão judicial – a afasta do posto. No lançamento dos novos produtos, Patrick Sauvageot, CEO da América Latina, falou sobre o negócio que está na mira da empresa, que tem 236 unidades em 85 países e em 2017 fechou com faturamento de mais de 18 bilhões de euros. Confira trechos da entrevista.
Aquisição da Itambé
"O interesse é muito evidente para o mercado porque é uma empresa muito forte. Tem complementariedade geográfica, de produtos e de cultura. A Itambé foi fundada por uma cooperativa, que dá muita importância para a qualidade do leite e para o trabalho com os produtores – o mesmo que a Lactalis."
Confiança no negócio
"Não vemos a possibilidade de o negócio não sair, porque a visão da Lactalis é muito simples. Tem uma cooperativa que se chama CCPR que contatou a Lactalis dizendo que tínhamos a preferência. Fechamos a negociação e esperamos a manifestação do Cade. Saiu a autorização em 14 de fevereiro. Sabemos que há uma discussão judicial, que na verdade não entendemos, porque nenhum motivo que estão levantando nos parece sólido e embasado juridicamente. O mercado brasileiro é o menos concentrado de todos onde a Lactalis opera. No Brasil, com a aquisição, a Lactalis ficará com 8%."
Ambição no Brasil
"Nosso objetivo é o de ser o número 1 no Brasil. Com a Itambé, chegaremos ao objetivo antes do previsto. Para nós, a negociação está fechada. Mas esperamos a decisão da Justiça."
Ampliação e captação
"Captação e máquinas temos. Há muito para ampliar em crescimento orgânico. O consumo de queijos e de iogurtes no Brasil é um dos mais baixos na América Latina. O de leite em pó também tem espaço para crescer. Temos a oportunidade de fazer do sul do Brasil a plataforma para exportar para a América Latina, como Uruguai, Argentina, Chile e Paraguai. Já começamos as entregas para esses países nas últimas semanas."
Planos para o RS
"É um Estado que produz pouco queijo, comparado a Minas, por exemplo. Tem muito leite aqui, então há potencial para fazer queijos bons, vender para todo o Brasil e exportar também."
Importação de leite
"Não existe importação de leite da Lactalis, ao contrário, estamos exportando matéria-prima daqui. O compromisso é comprar todo o leite do produtor a preço de mercado."