Apesar de ter avançado em relação à semana passada, o plantio do arroz no Estado teve de ser interrompido com o retorno da chuva. Dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) mostram que 21,8% da área total foi semeada. É quase quatro vezes mais do que há oito dias, mas ainda bem abaixo do percentual de igual período na última safra, de mais de 50%. O cenário atual preocupa.
– O que tem de diferente neste ano é que não houve o tradicional avanço significativo do cultivo em setembro. Nos últimos três anos, havia uma evolução grande neste mês. Logo em seguida, ocorreram atrasos, mas com recuperação. Historicamente, uns 30% da área ficam fora do período ideal – comenta Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz-RS).
É possível que haja recuperação na atual safra, mas como o plantio atingiu patamar muito aquém do habitual em setembro, a tendência é de que a área semeada depois do período preferencial, que termina dia 15 de novembro, seja maior do que em ciclos anteriores.
Dornelles afirma que não teremos colheita no final de fevereiro e início de março, ampliando a entressafra.
– O cultivo já estava atrasado e, com essas chuvas permanentes, até poder entrar de novo na lavoura, levará uns 15 dias. A soja pode atrasar um pouco, mas o arroz, quanto mais para frente for plantado, menor a produção – diz Francisco Schardong, presidente da Comissão de Arroz da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
Diretor técnico do Irga, Maurício Fischer faz outro alerta: possibilidade de cheias, caso o tempo permaneça nas atuais condições:
– A não ser que o clima surpreenda lá na frente, esse ano deve ser de baixa produtividade.
Soma-se à questão climática o difícil momento econômico vivido pelo setor. Hoje, segundo Fischer, o arrozeiro tem prejuízo de R$ 10 por saca. Uma das consequências dos custos em alta e preços em baixa, é a redução do pacote tecnológico nas lavouras. Essas duas situações levam à perspectiva de colheita e, consequentemente, renda menor.
– Em plena entressafra, os preços estão perto do mínimo. O que acontecerá quando a produção entrar? – questiona Dornelles.