Se as projeções do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, se confirmarem e o Brasil, de fato, retomar o mercado americano dentro de um a dois meses, não terá sido uma longa espera – o anúncio da suspensão veio no final de junho. Mas é preciso que essa tendência se confirme e que as impressões tidas a partir de encontro,nesta segunda-feira (17), com o colega Sonny Perdue sejam as corretas.
Maggi afirma que não existem objeções políticas para que as importações voltem a ser liberadas. Os dois titulares teriam concordado em aguardar posições técnicas – respostas de análises que serão feitas a partir de dados fornecidos pelo Brasil.
– No horizonte de 30, 60 dias, acho que é possível. Ficou um compromisso político de que o retorno seja o mais rápido possível, assim que as coisas estiverem esclarecidas – disse o ministro brasileiro, sobre eventual prazo para retomada.
Do ponto de vista técnico, já houve mudanças desde a comunicação do embargo. Uma delas é a de que a dianteira do boi – parte vendida aos EUA – seja cortada em cubos, tiras ou iscas, para facilitar as inspeções. Também devem haver alterações na composição da vacina contra a febre aftosa. Entidades do setor pediram redução do volume da dose de 5 ml para 2 ml e a retirada da saponina, relacionada à irritação pós-imunização.
O argumento técnico dos americanos para barrar o produto brasileiro foi a identificação de abscessos, que são reações à vacina. Mas em meio ao discurso oficial, há brechas para outra interpretação.
Os EUA são nossos concorrentes no mercado global de carne bovina – o Brasil foi o maior exportador mundial em 2016. E a liberação sempre incomodou pecuaristas locais. Para reforçar as teorias conspiratórias, o presidente Donald Trump deixou mais do que claro o viés protecionista de sua gestão.
É por isso que, se o mercado for mesmo reaberto nesse curto espaço de tempo projetado por Maggi – foram necessários 15 anos para receber a autorização para a venda do produto in natura –, o Brasil deve comemorar.
Porque quando as portas forem reabertas, será preciso recuperar a confiança perdida – o trabalho de consolidação do produto brasileiro na terra do Tio Sam estava recém iniciando.