Esta não é a primeira vez que a JBS, uma gigante do agronegócio, está no centro de uma ação da Polícia Federal. Em um intervalo de apenas dois meses, a empresa, que é líder mundial no processamento de proteína animal, já passou por outras duas ações que sacudiram o país.
Foi uma das investigadas na Operação Carne Fraca, que apurou problemas em indústrias de carnes e foi catastrófica para a imagem do setor no mundo todo. Na semana passada, esteve no centro de apuração que investiga irregularidades em aportes de recursos feitos pelo BNDESPar, braço do BNDES que tem participação na companhia.
A JBS cresceu rápido e sempre teve apetite voraz, dentro e fora do país.
A velocidade como expandia seus negócios, mesmo em períodos de turbulências financeiras, alimentou rumores. No Rio Grande do Sul, também fez aquisições – em 2012, por exemplo, assumiu as operações da Doux Frangosul.
Agora, a empresa dos irmãos Batista se torna pivô de um dos maiores escândalos nacionais, ao apontar o envolvimento do presidente Michel Temer e de outras figuras políticas de peso no pagamento de propina.
Esse novo capítulo deve trazer impactos para o setor, da mesma forma que causou para empresas de outras áreas que fizeram delações na Lava-Jato. A JBS, que tem negócios com o mundo inteiro, não será mais a mesma. Nem o agronegócio. E o grande risco está na contaminação de um dos segmentos mais importantes da economia brasileira, cujos resultados têm sido um alento ao longo da crise – agora mesmo, o país colhe uma supersafra de grãos.
A dimensão dos efeitos só será conhecida com o tempo. Mas o que se revelou, até o momento, já é mais do que suficiente para afirmar que é apenas uma questão de tempo para que sejam percebidos.