Com as colheitas da safra de verão se encaminhando para o fim, o produtor gaúcho já mira a produção de inverno. Principal cultura da estação, o trigo deverá ter espaço menor neste ano, projetam entidades e empresas do setor. Os números do recuo variam de tímidos 3% a até 15%. Levantamento da Emater indica que preço, dificuldades na venda e alto risco da atividade são fatores apresentadas como justificativa para a diminuição de área.
O plantio tem início em maio e se estende até julho, com época preferencial no mês de junho. Presidente da Comissão de Trigo da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Hamilton Jardim tem a estimativa mais pessimista: a redução seria de, no mínimo, 15%, fazendo a área encolher para 650 mil hectares – em 2016, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento, foram 776,9 mil hectares.
– Os valores das commodities estão em baixa. E neste ano há perspectiva de chuvas acima da média. Além disso, o produtor está ressabiado, porque na última safra fez tudo certo, mas faltou preço e liquidez na hora da venda – pondera Jardim, sobre as razões para o desestímulo.
Outro banho de água fria veio da redução de 3,6% no preço mínimo do trigo, anunciado na semana passada pelo governo – passou de R$ 38,65 para R$ 37,26 a saca. Diretor-executivo da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS), Sérgio Feltraco também avalia que haverá redução de área, mas não projeta diminuição tão grande quanto a Farsul. A entidade tem buscado alternativas no modelo de produção, com o objetivo de dar maior fluxo às vendas. Desde o ano passado, vem fazendo experimentos, que devem ser ampliados em 2017, para o cultivo de cereal destinado à exportação:
– Seria uma opção de liquidez para o produtor.
Focada no melhoramento genético do cereal, a Biotrigo também acompanha a movimentação pré-plantio. André Cunha Rosa, diretor e proprietário da empresa, diz que fala-se em redução de 5% a 10%. Ele avalia, no entanto, que o recuo poderá acabar não se concretizando de forma tão intensa, sobretudo nas regiões mais tradicionais, como as Missões, e trabalha com perspectiva de área 3% menor:
– Embora o cenário não seja animador, se o produtor não plantar, terá prejuízo certo. Se plantar, tem chances de ganhar. No fundo, a decisão passa por isso: que opções tem?