Concorrendo com as exportações de gado em pé e com as vendas diretas nas propriedades rurais, as feiras de outono no Rio Grande do Sul tiveram uma redução de 24% no número de terneiros vendidos. Levantamento do Sindicato dos Leiloeiros Rurais do Estado (Sindiler), confirma a tendência dos últimos anos: um volume cada vez menor de machos ofertados em remates.
– Esse décrescimo vem ocorrendo ano a ano. Em 2014, vendemos mais de 50 mil terneiros. Agora mal passamos de 30 mil – compara Jarbas Knorr, presidente do Sindiler.
A principal explicação para a queda vem do crescimento das exportações de gado em pé, especialmente para países asiáticos. Também contribui para a baixa oferta a venda de terneiros para confinamento no Centro-Oeste e as vendas diretas em propriedades.
– Muito antes de começar a temporada de feiras, as vendas particulares já estavam ocorrendo – acrescenta Knorr.
O juro mais alto para financiamento e o atraso no plantio do azevém também complicaram, completa Francisco Schardong, presidente da Comissão de Exposições e Feiras da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
– O comprador de terneiro precisa ter pastagem. O atraso na colheita da soja neste ano retardou a cobertura de inverno – explica.
Apesar do faturamento menor, o preço do quilo vivo se manteve valorizado, com média de R$ 6,16. A estabilidade segue o mercado do boi gordo, principal balizador do preço dos terneiros.
– A média ficou acima do esperado. A qualidade genética dos terneiros é o ponto forte – afirma Schardong.
Soma-se aos bons preços, a estabilidade nos custos de produção. Com uma dependência menor de ração animal, ao contrário da produção de aves e suínos, a pecuária bovina pode se considerar privilegiada neste momento de cotações nas alturas do milho e do farelo de soja.