O fim das retenciones, taxação cobrada para a exportação de grãos, faz os números dos embarques argentinos ganharem corpo. Dados do Ministério da Agricultura do país vizinho mostram que, no primeiro trimestre deste ano, o volume negociado com o mercado externo de produtos agrícolas cresceu quase 68% em relação a igual período do ano passado.
Claro, há de se considerar nessa conta a base baixa de comparação.O fato é que a medida anunciada pelo governo de Mauricio Macri começa a produzir efeitos.
O primeiro deles é dentro de casa. Estimulados pela perspectiva de retornar ao mercado global, os produtores investem na ampliação da safra a ser cultivada. Porque quando a suspensão das retenciones saiu – sem contar a soja, que mantém 30% de taxa para exportação –, a atual produção estava desenhada.
– O fim das retenciones não influencia quem compra, mas quem vende.
A Argentina se sentirá incentivada a produzir mais – diz Antônio da Luz, economista do Sistema Farsul.
Depois de plantar em 2015 a menor área de trigo em 110 anos, a Argentina deve ampliar em 41% a área do cereal. As exportações também devem ser turbinadas, podendo crescer 79%.
Da mesma forma, o espaço destinado ao cultivo de grãos pode aumentar 10%, chegando a 36,8 milhões de hectares. E a produção ficaria quase 18% maior, somando 125 milhões de toneladas, aponta estimativa do consultor Carlos Cogo. No longo prazo, isso significa dar poder de fogo no mercado internacional.
– A Argentina voltará a ser um grande player – avalia Cogo.