É na segunda safra de milho, a chamada safrinha, que as indústrias de aves e de suínos apostam para melhorar o quadro atual de oferta do produto no mercado interno. O grão está mais raro - e caro -, elevando consideravelmente os custos dessas empresas - é um dos principais ingredientes, ao lado da soja, da ração animal.
Para tentar equilibrar o mercado, o governo investiu nos leilões de estoques públicos - a promessa é de colocar um total de 500 mil toneladas. Realizou o primeiro na semana passada, com 85% do volume colocado à venda negociado, e tem outro agendado para a terça-feira da próxima semana, no qual irá disponibilizar 150 mil toneladas.
Safra de milho é colhida com bom rendimento e alta de preço no Rio Grande do Sul
O principal efeito da iniciativa - a quantidade liberada a cada leilão é apontada como insuficiente por algumas entidades - seria o psicológico. Vendo que há produto disponível, o mercado "acaba se mexendo", avalia Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Para o dirigente, a notícia mais alentadora, no entanto, vem da perspectiva de que a safrinha será "bem pesada, superando as expectativas" - projeção da Companhia Nacional de Abastecimento é de colheita de 55,99 milhões de toneladas.
É que diante da valorização do grão, produtores ficaram estimulados a apostar na cultura.
Diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos concorda: há uma expectativa positiva com o efeito da safrinha.
Os altos custos têm dificultado a vida da indústria, que já começa a repassar a diferença para o valor final do produto - no Rio Grande do Sul, o reajuste de aves varia entre 10% e 15%.
- Hoje, a situação é preocupante, pode afetar a produtividade das empresas - diz Santos, sobre o panorama.
O sinal é de alerta. Em um primeiro momento, o setor considera a possibilidade de reduzir a produção. Tanto Turra quanto Santos descartam, por ora, a perspectiva de redução nos postos de trabalho.
Na semana passada, em entrevista ao jornal Valor Econômico, o presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos, Mário Lanznaster, afirmou que a alta no preço do milho afetou os negócios. Investimentos previstos para o ano foram suspensos e férias coletivas serão concedidas a 180 trabalhadores nas linhas de produção de salsichas e espetinhos.