No vaivém nos últimos anos das commodities, muitas empresas de grãos acabaram ficando pelo caminho. Casos recentes de recuperação judicial pegaram produtores e cerealistas do Estado de surpresa e estremeceram o setor. No momento em que se prepara para trocar de diretoria (leia entrevista com o novo presidente), a Associação das Empresas Cerealistas do Rio Grande do Sul (Acergs) avalia que o futuro da atividade está na solidez e confiança das que ficaram firmes.
– O melhor negócio nem sempre é o preço. É quem realmente paga – avalia Dilermando Rostirolla, que no fim do mês se despede da presidência da entidade.
Cerealistas e produtores mantêm uma relação de troca. Negociam insumos e produção. O problema é que, quando se trabalha com uma indústria a céu aberto, como são as lavouras, é preciso considerar itens importantes, como clima e variação de preços, que fogem ao controle das duas partes.
Se a colheita de soja dos últimos três anos foi farta, no trigo, o Rio Grande do Sul acumula duas frustrações seguidas. A redução de volume e qualidade refletiu-se sobre as cerealistas, que tinham produtos a receber.
A desvalorização da soja na Bolsa de Chicago – que em 2012 chegou perto de US$ 18 o bushel e, na última sexta-feira, estava em US$ 8,7875, nos contratos para maio – também afetou os negócios de cerealistas e cooperativas.
Há ainda o ingrediente gestão. Na euforia do momento, houve quem deu o passo maior do que a perna. Investiu mais do que devia, apostou alto no futuro que não se concretizou e acabou ficando com dívidas acumuladas.
– Soja não serve para capital de giro. É uma moeda, e tem de estar bem protegida. O mercado é igual para todos. Quando a coisa é muito boa, desconfie – diz Rostirolla.
Na hora de negociar a produção, o agricultor deve buscar o maior número de informações possível, procurando empresas sólidas. Diz o ditado: o seguro morreu de velho.