Vai sair caro para o produtor de arroz a energia utilizada nas lavouras do atual ciclo de verão. Para ser mais precisa: custará o dobro do que na safra anterior, como aponta levantamento da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS). Efeito direto do sistema de bandeiras tarifárias implementado no início do ano, que impôs a vermelha para os irrigantes. No Rio Grande do Sul, 100% das plantações têm o sistema de irrigação por inundação.
Na safra atual, o valor diferenciado vai vigorar do plantio à colheita, diferentemente do verão passado, quando incidiu apenas sobre a etapa final. A situação preocupa os dirigentes da entidade, que temem a inadimplência com as concessionárias e uma enxurrada de ações judiciais para manter o fornecimento de energia.
- Quanto maior o consumo, maior o impacto. Ou tem lavoura de arroz e irriga, ou não tem - pondera Henrique Dornelles, presidente da Federarroz.
Trocando em miúdos: não é uma opção para o arrozeiro não usar a irrigação. Ele precisa da ferramenta para garantir o desenvolvimento da lavoura. E, para complicar ainda mais a matemática da produção, o custo 104% superior com a energia no período de um ano contrasta com a perspectiva de redução de pelo menos 10% da produtividade. Ou seja, vai gastar mais e poderá ter rendimento inferior.
Em média, o produtor de arroz desembolsa entre R$ 5,5 mil e R$ 6 mil por hectare de lavoura. Desse total, a energia representava entre R$ 400 e R$ 500. Neste ano, será o dobro disso. Conforme Dornelles, para cobrir essa diferença, o cereal precisaria ser vendido por R$ 3 a mais por saca apenas para equilibrar as contas.
A solução poderia vir da caneta presidencial. Um projeto de lei que tira os irrigantes do grupo da bandeira vermelha foi aprovado na Câmara e no Senado. Falta agora a sanção de Dilma Rousseff.
Leia mais notícias do agronegócio
Leia todas as últimas notícias de Zero Hora