A antiga estrutura da Cooperativa Sul-Riograndense de Laticínios (Cosulati) em Capão do Leão, no sul do Estado, foi arrematada em leilão pela OZ Earth Participações, de São Paulo. A empresa deu o único lance, de R$ 49,1 milhões — pouco mais da metade do valor avaliado, de R$ 98,2 milhões, incluindo a estrutura e os maquinários. Parte do valor irá para pagar dívidas trabalhistas, que chegam a R$ 30 milhões. O restante será para bancos e fornecedores.
O complexo industrial tem 17,5 mil metros quadrados de áreas construídas. Os imóveis da fábrica estão avaliados em R$ 23,1 milhões, já as máquinas e equipamentos em R$ 75,1 milhões. Organizada pela leiloeira Cleci Zago, da Zago Leilões, a disputa durou 16 minutos. A venda dos bens foi determinada pela 4ª Vara do Trabalho de Pelotas. Há mais de 300 processos contra a cooperativa, que passarão por análise da juíza Ana Ilca Härter Saalfeld.
À coluna, o CEO da OZ Earth, Igor Elias, disse que usará o complexo para a estreia da empresa como indústria de laticínios. Desde que foi criada, em 2018, a companhia estuda entrar no mercado. A ideia é investir mais R$ 50 milhões na planta em Capão do Leão, que voltará a fazer produtos como leite, queijos, leite em pó, manteiga e leite condensado. Serão feitas reformas nas antigas estruturas e comprados novos equipamentos.
— A obra de adaptação deve durar seis meses. Depois, teremos 300 trabalhadores. Vamos comprar de pequenos produtores do Rio Grande do Sul, os quais queremos ajudar com consultorias — diz Elias, que está definindo a marca a ser usada nos produtos, que serão vendidos em lojas e pela internet.
Chegou a circular o boato de que a Cooperativa dos Trabalhadores da Reforma Agrária Terra Livre, ligada ao Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), havia comprado o complexo, mas ela nem participou do leilão.
Além da unidade em Capão do Leão, a Cosulati tinha uma fábrica em Pelotas, onde ficava a sede. Ela e outras estruturas menores ainda podem ir a leilão. O advogado da cooperativa, Josino Augusto da Silveira, diz haver negociação com fundo de investimentos do Exterior para retomar atividades.
— É burocrático, mas pode acontecer. Eles aplicariam R$ 250 milhões e entrariam como sócios. Resolveria a nossa vida e a de muita gente — diz.
Fundada em 1973, a Cosulati, dona da marca Danby, entrou em liquidação extrajudicial em 2016 devido a problemas financeiros e suspendeu suas atividades. No auge, tinha capacidade para produzir até 200 milhões de litros por dia, que transformava em produtos como queijos e leites.
* Coluna com Guilherme Gonçalves
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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