"Juro não faz chover", disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao ser questionado sobre sua preocupação com a alta da inflação oficial do país. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou em setembro, elevando o acumulado de 12 meses para 4,42%, perto do teto da meta de inflação, que é 4,5%. Ele é o indicador que baliza as decisões do Banco Central sobre a taxa de juro Selic, que voltou a ser elevada na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) exatamente pelo risco de inflação acima do adequado.
As principais pressões de alta do IPCA em setembro foram a conta de luz e os alimentos. A energia elétrica está mais cara pela cobrança da bandeira tarifária vermelha, que ficará ainda mais cara em outubro. O motivo é a baixa nos reservatórios das hidrelétricas com a escassez de chuva, principalmente no Sudeste. É preciso acionar energia mais cara. Pode ser que venha da inflação o impulso para que o governo federal decida por adotar o horário de verão.
Já os alimentos também estão com reflexo das queimadas. Laranja e café estão entre os maiores aumentos da pesquisa do IBGE. São itens produzidos em locais que estão enfrentando incêndios. Cafeicultores têm dito que não colherão safra antes de 2026, devido aos danos no solo.
Ao falar que juro não faz chover, Haddad diz entender que a inflação agora é um choque temporário provocado pela seca e que o Banco Central aumentar a Selic não resolverá o problema.
- Daqui a pouco a chuva chega e as coisas voltam ao normal. Mas isso tem que ser analisado (pelo Banco Central) com a devida cautela, para não tomar uma decisão equivocada em função de uma questão climática temporária, não é permanente - completou o ministro.
Realmente, os "núcleos" da inflação estão relativamente comportados. Alimentação fora do lar e seguros de veículos, por exemplo, estão com baixa pressão sobre a inflação. O Banco Central observa muito o comportamento de preços dos serviços, pois eles são mais difíceis de reverter altas e tendem a se espalhar na economia.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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