A comunidade de Cambará do Sul voltou a pedir ajuda do governo federal para resolver o problema da concessão dos cânions. Um ofício foi enviado pela prefeitura ao ministro do Turismo, Celso Sabino, solicitando uma audiência e apoio para desenvolver estratégias para recuperar o turismo na região. Ainda antes da enchente — que derrubou ainda mais o número de visitantes —, encontros no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) buscavam alternativas para lidar com o valor alto dos ingressos e com a demora para instalação das atrações prometidas pela Urbia quando venceu a concessão.
"Desde a referida concessão, observa-se uma queda vertiginosa no fluxo de visitantes em nossa cidade, o que tem impactado negativamente o turismo local e, por conseguinte, as comunidades que dependem economicamente dessa movimentação. Considerando que ambos os parques estão situados dentro do território do Geoparque Mundial da UNESCO Caminhos dos Cânions do Sul, é imprescindível que se promova um debate envolvendo a empresa concessionária, Urbia Cânions Verdes, e o Ministério do Meio Ambiente, visando encontrar soluções para reverter esse quadro", diz trecho do ofício.
O assunto voltou a ganhar força nesta semana após empreendedores de Cambará e a prefeitura ficarem sabendo que a Urbia estava suspendendo o funcionamento da tirolesa, alegando prejuízo pelo baixo número de turistas. Além disso, elevou o valor dos ingressos a R$ 102.
— Compreendemos que a Urbia veio com a promessa do Estado de arrumar os acessos até os parques, o que ainda está em fase inicial, mas a falta de integração com o "trade" (comunidade do turismo) local que deixa a desejar. Poderiam se juntar a nós em uma grande força-tarefa para gerar demanda para o parque com acordos comerciais e benefícios às agências locais, que teriam interesse em divulgar e vender ingressos, com flexibilidade dos valores para o público final, visto que, no custo-benefício entre o que se paga e recebe hoje, ainda falta muito a entregar — diz Emiliano Brugnera, sócio do Cambará Eco Hotel e conselheiro no Conselho de Turismo.
A falta de diálogo com a empresa também tem sido uma reclamação enviada com frequência à coluna. A Urbia foi convidada a ter uma cadeira no Conselho de Turismo, mas não quis. O grupo se reúne hoje à tarde, e a concessionária foi convidada para o encontro. Cresce a desconfiança de que a Urbia está forçando um rompimento da concessão pelo governo, o que a dispensaria de penalidades. A empresa não está dando entrevistas.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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