Se forem distribuídos R$ 15,12 bilhões do lucro do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), a rentabilidade de 2023 do dinheiro do trabalhador será três pontos percentuais acima da inflação, que ficou em 4,62%. O martelo será batido em uma reunião no dia 6 de agosto.
Essa divisão vem sendo feita nos últimos sete anos. Ela melhora um pouco a remuneração do fundo, que, até decisão recente da Justiça que garante no mínimo a inflação, era de apenas 3% mais taxa referencial, sempre baixa ou até zerada.
Ainda assim, 7,62% não é uma rentabilidade boa se compararmos com outros investimentos financeiros. Para 2023, ficaria abaixo do retorno de 8,21% da poupança. Com as ações mais negociadas da bolsa e com maior risco, o Ibovespa ficou em 22,3%. Referência para renda fixa, o CDI foi de 13%. E mesmo agora, o próprio governo federal está "pagando" inflação mais 6,4%, ou seja, mais do que o dobro do FGTS para além da correção monetária.
Lucrou mais
O governo poderia pagar mais? Sim, o lucro foi maior. Porém, quer fazer reserva para cumprir a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de, no mínimo, corrigir o dinheiro do trabalhador pela inflação todos os anos.
Como é pago
Após se definir quanto do lucro será distribuído, o dinheiro é depositado pela Caixa Econômica Federal em cada conta do FGTS dos trabalhadores. Será proporcional ao saldo em 31 de dezembro de 2023. O valor se soma ao atual e só pode ser retirado nos casos já tradicionais, como demissão sem justa causa, compra da casa própria e liberações de saques, como o calamidade, tão usado neste ano no Rio Grande do Sul.
Sentimentos contrários
Tem quem ame e quem odeie o FGTS. De um lado, é um valor que as empresas são obrigadas a depositar para o trabalhador em uma conta na qual ele pode mexer apenas em exceções. O setor empresarial critica, pois entende que é dinheiro do funcionário que deveria estar circulando na economia e não na mão do governo. Por outro lado, o dinheiro do fundo é usado para políticas públicas, como financiar moradia popular, infraestrutura e saneamento.
Do ponto de vista de finanças pessoais, a rentabilidade realmente é baixa para um dinheiro que fica longe da decisão do seu dono, que poderia estar ganhando mais. Porém, conhecendo o pouco costume do brasileiro de fazer reserva, essa poupança forçada acaba sendo um alívio em situações complicadas, especialmente quando o trabalhador perde o emprego.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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