Há uma disputa entre interessados em comprar o Beneficência Portuguesa, ícone da saúde de Porto Alegre que completou agora 154 anos. Recentemente, a coluna detalhou o projeto da empresa de Minas Gerais AFC Holding, que pretende investir R$ 250 milhões para reativar o hospital e construir hotel, shopping e espaço para cursos de saúde. Ela venceu o primeiro leilão com proposta de R$ 41 milhões, a venda foi anulada com o argumento de valor baixo, mas a AFC obteve uma liminar favorável e aguarda a solução do impasse, disse o diretor-técnico Mauro Borges ao podcast Nossa Economia, de GZH.
Porém, a coluna foi procurada agora por Carlos Rusch, sócio da Irradial, a outra empresa interessada em comprar o Beneficência Portuguesa e que, inclusive, já tem uma operação instalada dentro do complexo. Ele questionou a pouca divulgação feita para a primeira venda, quando apresentou uma proposta de R$ 40 milhões, coberta pela AFC no final da disputa. Rusch acrescenta que a Irradial, empresa gaúcha de clínicas de radiologia que tem outros médicos como sócios, já formalizou um lance de R$ 60 milhões para um novo leilão na modalidade chamada "stalking horse", quando um interessado apresenta proposta antes do certame.
— Isso não impede que a AFC ou outra empresa apresente proposta maior. Então, nós avaliaremos se aumentamos ou não a nossa — diz Rusch.
Com 30 unidades em 10 hospitais, a Irradial também pretende reativar o Beneficência Portuguesa. Não há ainda uma imagem do projeto como a apresentada à coluna pela AFC, porque ele está em definição. Não contempla, porém, área comercial e de educação.
— Temos universidades no entorno, não precisaria. Mas queremos manter a filantropia, o museu, a hemodiálise... No futuro, talvez preveja um hotel sênior. O investimento poderia chegar a R$ 300 milhões no que pensamos em fazer — acrescenta Rusch.
A determinação de um novo leilão ocorreu no processo que declarou a insolvência do Beneficência Portuguesa, ou seja, sem capacidade para pagar as dívidas. Aguarda-se nova decisão judicial. O administrador judicial Tiago Jaskulski Luz, do escritório CB2D, explica que o juiz precisa decidir se a venda que ocorreu na esfera trabalhista se mantém por R$ 41 milhões em favor da AFC ou se será mantida a decisão do processo de insolvência na Vara Empresarial para que ocorra um novo leilão.
O complexo do Beneficência Portuguesa tem nove blocos e um estacionamento em uma área de 12 mil metros quadrados. É um imóvel enorme, localizado em um ponto bastante valorizado de Porto Alegre, na Avenida Independência. Em crise financeira que se arrastava há anos, o hospital suspendeu os serviços em 2022. Há dívidas trabalhistas de 30 anos. Foi o segundo hospital construído na Capital, inaugurado em 29 de junho de 1870.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@radiogaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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