Uma das maiores siderúrgicas da Europa, a Salzgitter lançou o Salcos, sua marca de aço verde, na feira industrial de Hannover, na Alemanha. A empresa quer oferecer a matéria-prima para clientes que desejam descarbonizar sua cadeia de fornecedores, processo que ela própria está desenvolvendo.
A coluna visitou a usina de aços planos na Baixa Saxônia, na Alemanha, que começou a operar em 1858 e tem 5,6 mil funcionários. O grupo Salzgitter tem mais de cem empresas pelo mundo.
As edificações são tradicionais de siderúrgicas, mas com dimensões gigantes. Os fornos esquentam o chão e as paredes, que ficam escuros dos resíduos. Enormes "panelas" de ferro carregam aquela sustância pastosa que, misturada, busca a liga perfeita do aço.
Tudo isso exige muita energia. Na verdade, é o equivalente ao que consome toda Hamburgo, uma importante cidade portuária alemã. O resultado atual disso é que a Salzgitter chega a responder por de 3% a 5% da emissão de gás carbônico de toda a Alemanha.
Além de usar sucata como matéria-prima e outras iniciativas, a maior ação da siderúrgica alemã é substituir o seu combustível. Para consumo administrativo, instalou aerogeradores no próprio complexo, vistos pela coluna na visita. A grande virada de chave que a empresa pretende fazer, porém, é substituir o diesel e o carvão por hidrogênio verde.
— Para que possamos tornar a nossa produção de aço mais isenta de CO2 no futuro, é essencial a ligação mais rápida possível à infraestrutura do hidrogênio. Também é necessário que os políticos reduzam os obstáculos burocráticos e acelerem o desenvolvimento desta estrutura — diz o CEO Ulrich Grethe.
A usina já começou a comprar o combustível do norte da África por gasoduto e instalou uma planta-piloto. Quando tiver segurança do fornecimento, erguerá grandes torres de 140 metros de altura, nas quais será feita a fundição do aço.
A ideia é concluir esta transformação em 10 anos, quando estruturas atuais serão desativadas. A primeira etapa conta com financiamento do governo da Alemanha e do Estado da Baixa Saxônia.
Lembrando que o hidrogênio verde é a aposta da Europa para substituir os combustíveis fósseis e depender menos, principalmente, de gás russo. A Alemanha quer, inclusive, comprar do Brasil. No Rio Grande do Sul, se fala na intenção de produzi-lo com energia eólica, mas ainda não há algo concreto.
* A coluna viajou a Hannover a convite da Fiergs.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@diariogaucho.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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