O fundo de investimento japonês Softbank busca novas oportunidades de negócios, está de olho no agro e acredita no crescimento do Brasil no longo prazo. Durante almoço com a coluna, o líder das operações da empresa no país - e ex-presidente da Amazon no Brasil -, Alex Szapiro, ouviu sobre o potencial do Rio Grande do Sul e explicou de forma muito clara como o Softbank escolhe empresas para investir. Confira trechos abaixo e, no final da coluna, ouça a íntegra da entrevista ao programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha.
Quais os principais critérios para investir em uma empresa?
Olhamos o tamanho do mercado, a capacidade dos fundadores, se já fizeram outra empresa antes para ver o que aconteceu. Às vezes, se não deu certo, certamente aprenderam muito. Olhamos também a capacidade que eles têm de atrair talentos, de construção do time, porque, se você é apaixonado por uma ideia, vai apaixonar outras pessoas também. Tudo isso faz parte da construção de uma empresa e, logicamente, da capacidade de captar recursos.
A macroeconomia tem algum peso?
Zero. Não olhamos a macroeconomia, porque o negócio de venture capital (capital de risco, na tradução, mas trata-se de investimentos em empresas, geralmente, inovadoras, em busca de rentabilidade com o desempenho delas) é de muito longo prazo. Eu até brinco que só vamos saber se fizemos bons investimentos daqui a oito ou 10 anos, tempo em que a macroeconomia deixa de ter essa importância. Vemos altos e baixos no curto prazo, mas eu sou muito otimista com o Brasil. Quando você traça uma linha reta, um gráfico entre o tempo e o crescimento, o Brasil é um país que cresce. Podemos até discutir se deveria crescer mais rápido ou não, mas acho que sempre temos uma tendência positiva.
Quais segmentos estão recebendo mais atenção?
Somos muito agnósticos quanto a segmento. Se você falar "só gosto de segmento A ou B", vai perder muita oportunidade de retorno sobre capital, de ideias boas, de problemas interessantes que podem ser resolvidos. Nós temos coisas na parte de saúde, de educação, de logística, de e-commerce, na parte bancária, como fintech. O Brasil é um país na frente no mundo em relação a pagamentos. A própria história do Nubank, que é uma das empresas nas quais investimos, ou o banco Inter. Mas, tem um segmento que poderia receber mais capital, que é agro, o qual temos olhado com mais carinho.
Alguma atividade especial do agronegócio?
Qualquer atividade, não importa. Já olhamos empresas que fazem hardware para o agro fazer leitura do clima e do solo. Já olhamos empresas na área de biotecnologia, onde fazem moléculas. Temos algumas no portfólio que tangenciam o setor, como a Frubana, que vai para o campo e liga os produtores diretamente às redes de restaurantes. O produtor pode vender mais caro e ter margens melhores. O restaurante acaba comprando mais barato.
O que observa como vantagem da empresa em relação à concorrência?
Investimos muito em tecnologia, olhamos como ela vai resolver grandes problemas. Na educação, por exemplo, empresas que dão acesso ao Ensino Superior por um preço muito menor. Olhamos o que, em inglês, chamamos de "moat", que é o lago em volta dos castelos nas histórias medievais para as pessoas não entrarem. Qual o moat dessa empresa? Qual proteção ela tem? Geralmente, é uma combinação de tecnologia, talento e crescimento. Na Rappi, que é uma empresa que investimos, tem o Rappi Turbo, que entrega supermercado em 10 minutos. Eu uso uma ou duas vezes por dia. É quase como ter o supermercado na garagem do prédio. Como eles construíram isso? Como saber de uma maneira eficiente quais os pedidos que virão naquele horário, de qual bairro e de que casa? Com tecnologia, que dita a melhor experiência do consumidor.
Ouça a entrevista completa:
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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