O mês do Natal já não é mais como era antigamente, ao menos para o varejo. Há alguns anos, o grande período de vendas já vinha trazendo quedas eventuais na comparação com novembro. Agora, se acentuou no país e ainda mais no Rio Grande do Sul, que teve queda de 2,9% no volume comercializado. Além disso, o patamar registrado pelo IBGE com ajuste sazonal, dos 100 pontos, foi o menor de todo o 2023.
Mas como o mês do Natal tem a pior venda do ano? Uma explicação é que o Papai Noel resolveu mesmo adiantar as compras na Black Friday, liquidação realizada em novembro e que, apesar de existir nos Estados Unidos há muito tempo, entrou recentemente para o calendário brasileiro de consumo. Já percebido pela coluna, o ponto foi o primeiro apontado pelo presidente da Associação Gaúcha do Varejo (AGV), Vilson Noer, como explicação.
Inicialmente, a antecipação para a Black Friday era um temor do comércio local, já que a venda online é forte na data, mas os pequenos lojistas também têm entrado na onda da liquidação. Isso, porém, não afasta a preocupação com a queda em dezembro. Presidente do Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre (Sindilojas POA), Arcione Piva tem ficado intrigado com as pesquisas que mostram uma boa intenção de compra do consumidor, mas que não se reflete depois quando os comerciantes são ouvidos sobre o que venderam.
— Há um descompasso. Ainda é uma avaliação a ser aprofundada, mas penso que tem influência das compras em sites estrangeiros — observa Piva, reforçando a importância de que a Receita Federal avance no combate à sonegação e que o governo federal retome a cobrança, mesmo que parcial, do imposto de importação, que foi zerado para compras até US$ 50 nas empresas que aderiram ao programa Remessa Conforme.
Economista-chefe da Federação do Comércio de Bens e Serviços do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), Patrícia Palermo faz algumas ressalvas em relação à pesquisa do IBGE. Ela observa que o consumo mudou, mas o levantamento ainda não capta isso.
— Tem "vazado" muito consumo para coisas que ficam de fora, como grande parte das compras na internet. Além disso, gastos de Natal também "transbordam" para serviços — exemplifica.
Mais ainda do que presentes, vendas de combustíveis, farmácias e supermercados têm sustentado o desempenho das vendas do varejo medidas pelo IBGE.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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