Segundo maior parceiro comercial do Rio Grande do Sul, a Argentina ainda está longe de resolver seus problemas, o que impacta a economia daqui. O assunto foi tema de entrevista do embaixador do Brasil na Argentina, Julio Bitelli, ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha. Confira trechos abaixo e ouça a íntegra no final da coluna.
O senhor teve reuniões sobre restrições para entrada de brasileiros na Argentina. Foi identificado um problema?
O que eventualmente está acontecendo é uma aplicação mais estrita da regra. Mas ela é a mesma, não mudou. Se você é estudante, tem que ter um visto de estudante. Se ingressa como turista, há requisitos, como reserva de hotel e passagem de volta. Uma vez na Argentina, você pode trocar o seu status migratório, requerendo visto de estudante. O que não pode é entrar alegando ser turista, mas já matriculado ou com a intenção de estudar. É respeito às regras que qualquer país do mundo tem direito de fazer.
Exportadores e transportadores ainda estão sem receber pagamentos de negócios e fretes feitos antes de 13 de dezembro de 2023, medida adotada para conter dólares e evitar desvalorização maior do peso. Qual a perspectiva?
Temos ouvido aqui do governo uma indicação muito clara de que a intenção é terminar com todas as restrições. No entanto, a situação de reservas ainda é precária, o que faz com que essa eliminação seja de modo paulatino. Então, não está resolvido. O aspecto positivo é uma determinação e uma expectativa de que seja resolvido, uma transição. A grande preocupação do setor privado brasileiro era com a necessidade de regras claras. O atual governo tem manifestado a intenção de que isso ocorra e que não haja discricionariedade na aplicação.
Já se previa repique de inflação com o descongelamento de preços. Ainda assim, assusta uma inflação anual superior a 250%. Quando vai se conseguir reduzi-la?
A expectativa é de que desacelere, mas a situação é complexa. Os salários não acompanham o ritmo da inflação, os níveis de pobreza anunciados recentemente são bastante preocupantes. Há uma aposta do governo de que será possível reduzir relativamente a inflação, no curto prazo, pelo menos, em um dígito. Houve uma visita na semana passada de uma alta funcionária do FMI (Fundo Monetário Internacional) que, de certa forma, apoiou as medidas, mas lembrou a necessidade de atenção ao aspecto social. Essa é a chave. Obviamente, a preocupação com a economia é legítima pela situação do país, mas o impacto social está muito grave.
Colaborou Kyane Sutelo
Ouça a entrevista na íntegra:
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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