Levantamento da embaixada e consulado dos Estados Unidos no Brasil aponta que de 1,1 milhão de vistos foram emitidos para brasileiros em 2023. O consulado no Rio Grande do Sul aparece em quarto na lista de emissões, com 118 mil vistos. Em primeiro, aparece São Paulo, com 517 mil. Dúvidas sobre vistos e a imigração para quem deseja residir, trabalhar ou empreender nos Estados Unidos foi tema do evento "On The Road", organizado pela SG Global Group, que aconteceu em Porto Alegre nesta semana. A coluna conversou com o sócio e diretor comercial da empresa, Alberto Buss.
Como foi a procura dos gaúchos por informações sobre migração?
Sempre tivemos uma participação muito forte do Rio Grande do Sul. O Estado é "top 5" no quesito base de clientes. Ano passado, fizemos três edições (da feira) no Rio Grande do Sul, e este ano começamos pelo Sul justamente por isso.
Qual o perfil que interessa ao mercado de trabalho dos Estados Unidos?
Existem 178 tipos diferentes de vistos. Vemos os Estados Unidos com um índice de desemprego muito baixo, na ordem de 3,5%, e crescimento da economia. Cada vez mais, o país busca mão-de-obra de qualidade. Foi-se o tempo de ir para os Estados Unidos limpar banheiro. Aliás, nada contra, tem gente que faz e vive uma vida digna. Mas o momento é outro. É cada vez mais a busca por pessoas com boa formação, experiência e idioma. São profissionais "topo da pirâmide", de média e alta gestão. Até nível de diretoria. Desde o meio do ano passado, percebemos a aceleração na expatriação de profissionais de alta gestão. O brasileiro, em geral, tem boa formação. Nosso mercado não é fácil, então o profissional tem "casca" e gosta de trabalhar. O mercado americano vê o profissional brasileiro com bons olhos.
Qual foi o impacto da pandemia?
Tem dois lados da história no home office. De um, o profissional que pode estar em qualquer lugar do planeta e ele escolhe os Estados Unidos. E o outro, de empresas americanas que buscam profissionais qualificados pelo mundo.
Tem espaço para expandir a presença de brasileiros no mercado americano?
A comunidade brasileira pode ser expandida. Temos o exemplo da Netflix, que contratou dez desenvolvedores brasileiros durante a pandemia. Com as flexibilizações (nas regras sanitárias), eles começaram a fazer seus processos de visto para migrarem. Temos, hoje, clientes trabalhando na Tesla e em grandes empresas de óleo e gás. Tem áreas onde os Estados Unidos tem necessidades. Há estados como o Tennessee e o Alabama que estão flexibilizando o processo de validação para médicos. Até um tempo atrás, isso era impensável.
Os Estados americanos buscam diferente perfis?
Sem dúvidas. A gente vê grandes hubs de tecnologia que até pouco tempo atrás estavam só na Califórnia. Hoje estão no Texas, como a Tesla, ou na Flórida. Há polos de engenharia também no Texas e na Geórgia, com base em Atlanta.
Quais são as dúvidas que as pessoas têm em relação à migração?
Costumo dizer que não existe projeto de imigração sem medo. A gente constrói um projeto em relação ao visto e ao planejamento da vida pessoal, como escolher o melhor lugar para morar, a escola dos filhos, seguro saúde e como comprar carro. E a questão financeira, como dolarizar o patrimônio ou empreender. Mas os principais medos das pessoas não estão no visto dar errado. Mas a família não dar certo, não de adaptar.
A empresa contabiliza uma taxa de insucesso?
Nosso percentual de aprovação nos processos de vistos é acima de 99%. Já o índice de retorno antes do tempo (ao Brasil) é muito baixo. Até porque o projeto não é de fechar as portas do Brasil. São projetos de migração de 2, 3 ou 5 anos, às vezes.
É assinante mas ainda não recebe a cartinha semanal exclusiva da Giane Guerra? Clique aqui e se inscreva.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna