Quebras de 75% a 90% na safra estão sendo reportadas por olivicultores da região da Campanha, especialmente de Bagé e de Caçapava do Sul, fortes produtores de azeitona no Rio Grande do Sul. Os relatos à Emater falam de produção severamente comprometida. As chuvas constantes e as tempestades com ventos fortes e granizo, registradas desde agosto, pegaram o período de floração e polinização dos pomares, causando dano e queda dos frutos.
"Mesmo que as condições climáticas sejam favoráveis até o período de colheita, em março, a carga de frutas fixadas nas plantas está muito baixa.", diz trecho do relatório técnico.
Batendo sucessivos recordes nos últimos anos, o Rio Grande do Sul é o maior produtor nacional de azeitonas e responde por 80% da produção nacional de azeite de oliva. Na safra de 2023, foram 580 mil litros de azeite.
Presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraolina), Renato Fernandes diz que é cedo para dar um percentual de quebra de safra geral do Estado. Apesar do impacto negativo, afirma que o dano ficou bem restrito ao fruto, deixando os pomares preservados.
- As árvores estão lindas, devem ter uma ótima produção na próxima safra - afirma.
Ainda há produtores com azeite estocado da safra anterior. O produto é feito nos lagares, como são chamadas as fábricas pelo segmento.
Combate à fraude
O presidente do Ibraoliva, Renato Fernandes, aproveitou para dizer à coluna que, para o setor, a quebra de safra não chega perto do prejuízo causado pela fraude em azeites importados. A briga não é recente e tem como alvo produtos classificados como extravirgem, mas análises mostram que não o são, chegam às prateleiras com preço baixo e competem com os azeites gaúchos, que acabam sendo taxados de caros demais.
- Precisa ajustar esta classificação e, claro, fiscalizar, temos solicitado isso ao Ministério da Agricultura. O problema maior está na fiscalização - diz Fernandes.
A coluna promete olhar esse assunto mais de perto. Mesmo que o azeite não faça mal à saúde, induz o consumidor ao erro na sua compra, podendo até ser crime.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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