Apesar da desaceleração, o PIB trouxe crescimento de 0,1%, quando se projetava queda de até 0,3% no terceiro sobre o segundo trimestre. O bom resultado foi puxado pela inflação baixa e pela resiliência do mercado de trabalho, que proporcionaram o melhor desempenho do indicador: o avanço de 1,1% no consumo das famílias. Só não foi melhor porque a inadimplência do consumidor segue batendo recordes.
Em segundo lugar, destaque ao avanço de 0,6% na indústria. É o mesmo dos serviços, mas estes já vêm crescendo, enquanto a produção das fábricas patina e segue bem abaixo do pré-pandemia. Energia e combustíveis puxaram o resultado. Alerta para a construção, que encolheu bastante, mas tem esperança na queda do juro imobiliário a partir de março de 2024.
Por outro lado, o pior indicador, na avaliação da coluna, é a quarta queda consecutiva no investimento privado, chamado no PIB de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que recuou 2,5%. A agropecuária até caiu mais (3,3%), mas é o normal da safra do período. Já o FBCF antecipa a tendência da economia, por mostrar o investimento (ou não) das empresas. Confiança na demanda e taxa de juro são essenciais para o desempenho desta variável. Os sintomas são a queda na construção e na produção de bens de capital, equipamentos usados na indústria para fabricar mais.
Acima do pré-pandemia
Em tempo, o PIB voltou ao maior patamar da série histórica e opera 7,2% acima do pré-pandemia. A situação é boa, mas passível de revés se o país não buscar o equilíbrio das contas públicas, cuidar da inflação, cortar juro, trouxer previsibilidade aos negócios e, inclusive, minimizar e lidar com as mudanças climáticas.
Economia gaúcha
Falando em clima, a economia gaúcha sofreu com a enchente no terceiro trimestre. O PIB dos Estados demora um pouco mais para sair, mas a prévia calculada pelo Banco Central mostrou o Rio Grande do Sul com o pior desempenho do país no período. Relembre: Com enchente, economia do RS fechou terceiro trimestre com pior desempenho do país
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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