Máquinas agrícolas elétricas, mesmo que ainda de menor porte (até 100 quilowatts), atraem olhares curiosos na Agritechnica, feira de tecnologia para o setor aqui em Hannover, na Alemanha. Para que a fabricação e o uso delas cresçam, é preciso vencer gargalos, como ter baterias menos caras e mais duráveis, oferecer recarregamento rápido e, claro, gerar a energia necessária para o consumo do agronegócio.
Com origem em uma empresa tradicional alemã de 190 anos, a Mona é uma fabricante criada há um ano para produzir veículos compactos elétricos para o campo. A empresa, aliás, está buscando representantes para vender seus equipamentos no Brasil.
— São implementos elétricos pequenos e versáteis, pois funcionam como empilhadeiras, carregadeiras, etc — destacou Fabiano Dallacorte, especialista em cadeia de suprimentos do Sebrae-RS e integrante da comitiva gaúcha que a coluna acompanha.
Mas energias renováveis são complementares, então outros combustíveis também são desenvolvidos, como os derivados de resíduos e de óleos vegetais. O objetivo, no final, é substituir o óleo diesel, que é fóssil, originado do petróleo, e poluente.
— Os políticos devem agora estabelecer as condições para garantir que os combustíveis biogênicos e sintéticos cheguem à prática agrícola o mais rapidamente possível — disse o próprio diretor-geral da Associação Alemã de Máquinas, Tobias Ehrhard.
Uma das práticas do governo alemão para provocar as empresas é implementar normas severas com metas ousadas de sustentabilidade, mas injetar dinheiro com subsídios para que desenvolvam a tecnologia.
— Combustíveis HVO (óleo vegetal hidrotratado, conhecido como diesel verde) já poderiam ter reduzido em até 90% as emissões de gás carbônico — diz, mencionando a descarbonização do setor.
Em um painel chamado "Eletrificação das máquinas agrícolas: uma revolução silenciosa", em referência também ao silêncio de veículos movidos a energia, um dos empresários comentou que desenvolve baterias elétricas há 15 anos, com incentivo para pesquisa. As empresas gaúchas precisam atentar-se, pois fabricam 60% das máquinas agrícolas brasileiras. Se é tendência global, a linha de produção terá que se adaptar.
* A coluna viajou à Agritechnica a convite da Fiergs (Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul)
Leia o que já foi publicado sobre a feira em Agritechnica.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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