Aos poucos tentando recuperar parte dos investimentos do auge do polo naval, Rio Grande fechou a semana com uma boa notícia. Uma proposta venceu leilão da Petrobras para desmontagem de uma plataforma em um estaleiro do município do sul do Estado, o que o setor naval chama de "descomissionamento". A informação foi confirmada pela estatal em comunicado ao mercado, chamando o processo de "reciclagem verde".
A P-32, da Bacia de Campos, será a primeira a seguir o novo modelo de destinação sustentável de embarcações da petroleira. O serviço será feito pela Gerdau, metalúrgica com origem gaúcha e sede atual em São Paulo, em parceria com a Ecovix, que administra o Estaleiro Rio Grande. A ideia é que o aço seja usado nas siderúrgicas da empresa no Rio Grande do Sul. O edital de venda, aliás, foi direcionado exclusivamente ao mercado nacional, prática que a nova gestão da Petrobras no governo Lula disse que retomaria.
"O processo de venda impôs aos licitantes critérios técnicos e requisitos voltados a garantir que as atividades de reciclagem e a destinação final dos resíduos metálicos ocorram em alinhamento às melhores práticas ASG (Ambiental, Social e Governança)", diz o comunicado, no qual, o diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Carlos Travassos, fala que os estaleiros brasileiros podem se adaptar às exigências, tornando-se oportunidade para a indústria nacional.
A Gerdau apresentará o plano de reciclagem, e a execução será acompanhada pela Petrobras por auditorias. O prefeito de Rio Grande, Fábio Branco, comemora, claro, a conquista. Diz que falta agora apenas a homologação da concorrência, segundo informou o diretor da Ecovix, Ricardo Ávila.
- É uma retomada ainda não muito grande, mas é uma ocupação de espaço, uma recuperação gradual e importante. Depois, se Deus quiser, se conseguirá viabilizar outros contratos. É um grande nicho, tem muitas plataformas que não operam mais e com alto custo de manutenção - disse o prefeito à coluna, contando que serão 200 empregos por 12 meses.
A cidade ainda se ressente da parada nos investimentos no polo naval, provocada pela mudança na política da empresa após o escândalo de corrupção da Lava Jato e pela concorrência com a China. A Ecovix, aliás, está em recuperação judicial, buscando uma reestruturação.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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