Os dois recortes são positivos, mas chama a atenção a discrepância do crescimento das vendas de móveis olhando para a média do Rio Grande do Sul (+7,4%) e para o resultado específico do polo moveleiro de Bento Gonçalves (+0,5%) no primeiro trimestre do ano. Os dados foram enviado à coluna pela Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs). As fábricas concentram-se, atualmente, em Lagoa Vermelha, Gramado, Passo Fundo, Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Santa Tereza.
Presidente da Movergs, Euclides Longhi faz a contextualização das estatísticas ao explicar que, com o período de incertezas com a troca no comando do país, muitas empresas recorreram com mais intensidade à exportação. Porém, é mais fácil vender ao Exterior os chamados móveis seriados, iguais e com produção em escala. Já o polo de Bento é especializado em produtos sob medida, que não tem apelo de comércio exxterior.
- Mas devagarzinho estamos voltando à normalidade. Estamos nos adaptando à troca no cenário político e econômico. Quando o juro cair, também teremos o impulso psicológico às compras por pessoas que hoje preferem deixar o dinheiro aplicado - projeta Longhi, ao comentar sobre a disparada na venda de móveis no auge da pandemia quando as pessoas investiram no lar e na troca de imóveis, que foi sucedida por um tombo no ano passado, quando o fim do distanciamento social fez as pessoas voltarem a gastar com viagens e restaurantes, por exemplo.
A indústria de móveis emprega quase 37 mil pessoas no Rio Grande do Sul. Em Bento Gonçalves, ficam 6,5 mil destes trabalhadores. O faturamento das 2.409 fábricas gaúchas foi de R$ 2,78 bilhões. As exportações atingiram US$ 51,7 milhões, queda de 21%. Os maiores compradores são Estados Unidos, Uruguai e Peru. A venda ao Exterior deve ser estimulada pelas feiras Fimma Brasil e Movelsul Brasil, que serão realizadas em agosto.
Reinvenção
Além de presidente da Movergs, Euclides Longhi é dono da Multimóveis, que dobrou para 400 o número de funcionários. Com o cuidado e delicadeza de dizer que não é uma receita que serve para todos do setor, o empresário conta que a sua indústria se reinventou ao apostar na venda de móveis pela internet, o que é desafiador pelo tipo de produto. Usa marketplaces, site e aplicativo.
- Estamos vendendo no mercado nacional 100% online - diz.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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