Qual será o coelho que a Petrobras vai retirar da cartola para mudar a política de preços de gasolina e diesel sem abalar estruturas do mercado ou dela própria? Ao detalhar o balanço financeiro do primeiro trimestre, o presidente Jean Paul Prates avisou que preço seria assunto nesta semana. Foi o suficiente para se criar um zum-zum-zum do que vinha por aí. Para contê-lo, um fato relevante divulgado nesse domingo (14) confirmou que está se discutindo a proposta a ser analisada pelo comando da empresa neste início de semana. E, para acalmar, reforça que é pautada em estudos técnicos, cuidando da governança.
Prates diz que terá menos volatilidade e mais estabilidade. Desde antes de assumir, defendia que os preços fossem guiados pelos custos da empresa e não pelo mercado internacional. A desvinculação não consegue ser total, pois o petróleo é exportado e há vários custos de produção em dólar. A política também não pode desajustar o mercado. Se a Petrobras cobra menos, a procura dispara em detrimento das importações. A estatal acaba tendo que estabelecer cotas de venda às distribuidoras.
- O empreendedor vai se adaptando às regras que vêm. Só temos que entender quais são e ficamos preocupados com a commodity (petróleo), que é negociada no mundo todo, como soja e minério. Você não pode criar muito artificialismo - diz o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes no Rio Grande do Sul (Sulpetro/RS), João Carlos Dal'Aqua.
Também não é possível fazer o caixa da Petrobras sofrer. Apesar de estatal e de ter muitos que defendam sua função social, a empresa movimenta cadeias econômicas pelo país. Precisa de dinheiro para isso, assim como para estimular e fazer a sua própria transição energética do país, bandeira do presidente Jean Paul. Com seu conhecimento de exploração de petróleo, a estatal quer também explorar a energia eólica offshore, quando os aerogeradores ficam no mar, o que exigirá bilhões de reais, entre outras fontes renováveis.
Já são algumas semanas de queda no preço do petróleo e do dólar permitindo que a Petrobras reduza o preço da gasolina na refinaria, que está 17% acima do Exterior. Não o fez. Na virada do mês, muda o cálculo do ICMS, aumentando o tributo a ser recolhido pela gasolina em Estados, inclusive no Rio Grande do Sul. Talvez vá compensar a alta, como fez com o diesel agora em maio.
No postos, os consumidores percebem alguma redução, que tem sido motivada pela queda nas vendas. A última pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP) apontou média de R$ 5,30 pelo litro da gasolina no Rio Grande do Sul, o menor valor desde que foi retomada parte dos impostos federais, zerados na metade do ano passado. O menor preço encontrado no levantamento foi de R$ 4,75.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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