Caiu o número de pedidos de recuperação judicial no Rio Grande do Sul neste primeiro trimeste, comparado ao mesmo período do ano passado. Foram sete agora, um a menos do que nos três primeiros meses de 2022 e de 2021. A quantidade de falências decretadas também pisou (forte) no freio. No ano passado, foram 13. Agora, nenhuma. O recorte foi enviado à coluna pela Serasa Experian e chama a atenção por ir na contramão do país, que apresentou um grande crescimento nos pedidos de recuperação neste início de ano.
No Brasil, os pedidos de recuperação judicial dispararam 37% entre o primeiro trimestre de 2023 e de 2022. Além do emblemático caso da Americanas, também se destacaram os processos do Grupo Petrópolis (dono da marca de cerveja Itaipava) e a segunda recuperação da Oi. Ainda, conforme a coluna já analisou, aumentou a alternativa que algumas empresas têm tomado de pedir uma tutela antecipatória para suspender, por 60 dias, o pagamento de dívidas.
Na visão de Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, o aumento dos pedidos de recuperação judicial no Brasil "era inevitável" com o agravamento da inadimplência das empresas. Ele também entende que, mesmo que a curva de crescimento do atraso nos compromissos financeiros das companhias desacelere, há chances das empresas continuarem com dificuldade de cumprir suas obrigações.
Por aqui, além dos sete pedidos, cinco empresas tiveram pedido de recuperação judicial aceitos na Justiça. Uma delas foi a varejista CR Diementz, com dívidas alegadas de R$ 35,5 milhões. Outra foi o grupo Seltec, de segurança, com passivo de R$ 33,5 milhões.
A recuperação judicial é um mecanismo para dar um fôlego à empresa para evitar a quebra. Ela substituiu a antiga concordata. Quando ela é autorizada pela Justiça, ações de cobrança, por exemplo, são suspensas, assim como serviços essenciais à operação da empresa não podem ter o fornecimento interrompido, como energia elétrica. A empresa tem um prazo para apresentar um plano de reestruturação financeira para ser votado pelos credores.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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