O jornalista Daniel Giussani colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço
Começou a funcionar na última semana o RendA+, um novo título do Tesouro Direito focado em quem quer um reforço na aposentadoria. Na prática, esse investimento permite que se vá poupando recursos durante um certo período - entre sete e 42 anos - e, depois, ao invés de receber todo dinheiro com a remuneração de uma única vez, como funciona na maioria dos títulos, a pessoa vai ganhando um valor mensal por 20 anos, ainda corrigido pela inflação.
Na visão de planejadores financeiros consultados pela coluna, há vantagens e desvantagens. Um dos pontos positivos é a simplicidade e facilidade para ter um investimento pensado para a aposentadoria.
- Vale ressaltar que 70% da população hoje não faz nenhum investimento pensando na aposentadoria. Então esse tipo de título do governo veio para facilitar e estimular esse planejamento das pessoas com um valor mínimo muito baixo, porque pode começar a investir partir de R$ 30 - comenta a planejadora financeira Vivien Aucar, da Associação Brasileira do Planejamento Financeiro (Planejar), em entrevista ao programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha).
Outro ponto considerado vantajoso é que os custos podem ser menores do que outros investimentos com propósitos semelhantes, como uma previdência privada. Isso porque, quem esperar para receber toda a renda no prazo estipulado não pagará a taxa de custódia cobrada pela B3, desde que o rendimento mensal seja de até seis salários mínimos.
- Por não ser um fundo de previdência, por exemplo, esse título não tem taxa de administração, não tem taxa de carregamento, não é cobrado nem a taxa de custódia do Tesouro se eu levar até o vencimento. Porém, quem vender antecipadamente vai correr os riscos normais de uma marcação a mercado, podendo vender o papel por menos do que comprou, além de pagar taxas para isso - fala Vivien.
Se por um lado não tem taxa de administração, por outro, a tributação é maior do que uma previdência privada. Nas aplicações em fundos de previdência, a alíquota mais baixa pode ir até 10% para quem investir por mais de 10 anos. Já no título público, a taxa mais baixa de Imposto de Renda é de 15%. Além disso, não dá para deduzir o valor investido da base de cálculo.
Essa é uma das desvantagens listadas. Há também a questão da baixa flexibilidade da modalidade. Não é possível, por exemplo, escolher por quantos anos receberá o retorno após o período de aporte (que varia de sete a 42 anos). Precisa ser 20 anos, nem mais, nem menos. Ou seja, não é uma renda extra vitalícia.
Para o presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin), Reinaldo Domingos, o interessante mesmo é colocar no papel o que se deseja, estudar possibilidades de investimento e não por todo dinheiro em uma única aplicação. A dica básica, mas importante, é tentar diversificar.
"É preciso muito planejamento e calma e nada de concentração dos recursos financeiros em uma única linha. Talvez até aportar em 10% a 20% neste tipo de investimento seja interessante, mas não mais do que isso. É sempre bom variar a cesta", disse em nota.
De acordo com o Governo, o foco desse título são trabalhadores que ganham entre dois e seis salários mínimos, cujo acesso a fundos de previdência é mais difícil. É possível fazer uma simulação no site do Tesouro Direto.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br) Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br) Leia aqui outras notícias da coluna