Na contramão das bolsas mundiais neste início de semana, o "Ibovespa em dólar" está recuando no pré-mercado em Nova York, como reflexo dos vandalismos em Brasília nesse domingo (8). O iShares MSCI Brazil (EWZ) é o principal fundo de índice (ETF) brasileiro. O recuo superava 2% neste início de manhã, enquanto bolsas asiáticas e europeias repercutem positivamente novas reaberturas da China após longa política de covid zero. Aliás, a avaliação é de que esse é o motivo para não ser maior a queda do índice que reflete nos Estados Unidos as ações de empresas brasileiras. Por aqui, o Ibovespa Futuro abriu às 9h com queda de 1,3%, e o pregão, às 10h, abriu recuando 0,35%, buscou uma estabilidade logo depois, mas voltou a cair. O dólar abriu em alta, chegando a bater R$ 5,30.
Os ADRs (recibo de ações, na prática, ativos negociados das empresas brasileiras) da Petrobras também estão em queda, mesmo em dia de alta do petróleo, também provocada pela previsão positiva para os negócios na China. Os investidores também monitoram protestos nas refinarias mapeados pela Federação Única dos Petróleiros (FUP). Entre elas, está a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas. Há mobilização no local, mas ainda não gera prejuízos nas entregas, apenas apreensão, diz o presidente do sindicato que representa os postos de combustíveis, Sulpetro-RS, João Carlos Dal'Aqua.
- A invasão da Praça dos Três Poderes ontem e a consequente elevação na incertezas política local devem levar os investidores a exigirem maiores prêmios de risco nos ativos domésticos, o que deve resultar em dia negativo para o mercado local, com o Ibovespa impactado, também, pela queda no minério de ferro. Em minha opinião, o dólar deve ser o melhor termômetro da piora no sentimento de risco, não só por ser um hedge natural, mas pelo fato de bolsa e as taxas de juros já estarem bastante descontados, o que me leva a crer que a assimetria no câmbio é maior, neste momento - avalia Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.
O comportamento do mercado brasileiro deve oscilar bastante ao longo do dia, que deve ser difícil, ao sabor do noticiário internacional e do local. Havia a perspectiva de confirmação sobre o reajuste do salário mínimo nacional para R$ 1.320, que pode impactar em R$ 7,7 bilhões as contas públicas. A instabilidade no país também tem impacto na confiança de empresários e consumidores, já combalida desde antes da eleição, com impacto direto em varejo e serviços, e indireto na indústria. Mas o reflexo maior mesmo é esperado na visão do investidor estrangeiro, o que influencia o dólar, pois impacta a oferta da moeda no mercado brasileiro.
China e Hong Kong retomaram as viagens sem quarentena no fim de semana, sinalizando o final da política de covid zero que manteve as fronteiras fechadas por quase três anos.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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