Entre as várias notas que estão sendo divulgadas por entidades criticando as invasões em Brasília, chamou a atenção o documento da Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul (Sergs). Não pelo conteúdo, já que também pede punição dos responsáveis e se coloca como defensora da democracia. O curioso é porque, no início de dezembro, a entidade distribuiu outro documento, no qual, descontente com o resultado da eleição, pedia a derrubada do Judiciário, intervenção militar e suspensão da posse de Lula. A manifestação anterior, porém, gerou revolta de integrantes da própria diretoria da entidade e de engenheiros, ocorrendo até pedidos de desfiliação.
O primeiro documento, inicialmente, era assinado pelo presidente da Sergs, Walter Lídio Nunes, que também chancela o de agora. Na ocasião do comunicado anterior, o empresário chegou a dizer à coluna que concordava com as reivindicações, formuladas pelo presidente do conselho deliberativo da entidade, Luis Roberto Ponte. Depois, porém, recuou, afirmando que defendia a democracia. Sua assinatura foi retirada do primeiro documento, que manteve somente a de Ponte, que foi deputado constituinte, chefe da Casa Civil no governo de José Sarney e secretário de Desenvolvimento Social no governo de Germano Rigotto. Aliás, o comunicado de agora, condenando a quebradeira no Distrito Federal, não tem a assinatura de Ponte.
"(....) que estes episódios lamentáveis sejam coibidos e punidos de forma a servirem de lição, para que nunca mais se repitam e para que possamos continuar sendo um país soberano, que respeita as suas instituições democráticas e que valoriza o diálogo empático para construir as suas direções.", diz trecho do texto desta semana. O anterior pedia a "destituição constitucional dos golpistas mediante iniciativa do Poder Executivo e suas Forças Armadas".
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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