Chama a atenção dos setores empresarial e político gaúchos nesta quinta-feira (1º) um comunicado da Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul (Sergs) dizendo que há um golpe perpetrado por membros do Poder Judiciário e que o país tem uma "ditadura travestida de democracia". Direcionado ao Executivo, o texto segue pedindo a "destituição constitucional dos golpistas mediante iniciativa do Poder Executivo e suas Forças Armadas". Fecha criticando as urnas eletrônicas e argumentando que a medida deve ocorrer para impedir que Lula assuma a presidência da República para não conduzir o país a uma "ditadura comunista".
O documento é assinado pelos empresários Walter Lídio Nunes, ex-presidente da Celulose Riograndense e atual presidente da Sergs, e Luis Roberto Ponte, ex-ministro e ex-secretário de Estado e atual presidente do conselho deliberativo. A coluna confirmou com Nunes a veracidade do documento. Ele contou que a redação foi conduzida por Ponte, mas, nas duas vezes em que foi questionado, disse concordar com o teor e, portanto, realmente assinava o manifesto.
- As entidades precisam se posicionar. Houve toda uma pesquisa feita por Ponte para construir o conteúdo, fazer as afirmações - argumentou o empresário, que não deixou de se mostrar relutante em durante a entrevista.
O presidente da Sergs garantiu que houve votação na direção antes da divulgação, mas a coluna soube que o descontentamento está grande na entidade, com casos de indignação e diversos pedidos de desfiliação por parte de engenheiros desde o início da manhã. Ele disse que houve um "processo de votação", mas não o detalhou quando perguntado. Empresários e políticos que procuraram a coluna para comentar sobre o documento dizem não estar surpresos com a iniciativa de Ponte, mas mostram desconforto com o apoio de Nunes, conhecido por ter conduzido duplicação da fábrica de celulose em Guaíba, maior investimento privado da história do Rio Grande do Sul.
Atualização — No final da tarde, o presidente da Sergs, Walter Lídio Nunes, procurou a coluna e recuou no posicionamento. Afirmou discordar do que o comunicado propõe, afirmou defender a democracia e que sempre teve uma "posição de construção" na sociedade. Manifestou grande preocupação com a repercussão do documento, especialmente o impacto na imagem da entidade. Além da ligação telefônica, o empresário enviou a seguinte nota:
"Minha posição é totalmente contraria à nota, pois sempre acredito que para se construir uma solução convergente para o Brasil é pela democracia e pela mobilização orientada pelo diálogo sem o intervencionismos das Forças Armadas como o caminho de viabilizá-las. Precisamos de uma cidadania política participativa moderna usando o dialogo como o caminho viabilizador para se construir convergência que possam criar um futuro evolutivo para o Brasil".
Íntegra do documento:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br) Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br) Leia aqui outras notícias da coluna
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