O ano de 2022 foi de retomada para o setor aéreo. Com o arrefecimento da pandemia, muita gente voltou a buscar viagens nos últimos 12 meses. A vontade de viajar, porém, esbarrou em um fator importante: os preços das passagens. Na região metropolitana de Porto Alegre, em um ano, subiu cerca de nove vezes mais do que o índice geral de inflação medido pelo IBGE. Em 2021, já estava bem elevado também. Mas o que esperar para 2023?
Pelas projeções de gigantes como a American Express Global Business Travel, e também de acordo com manifestações de companhias áreas brasileiras e internacionais, os preços não devem ceder tão facilmente no próximo ano. Pelo contrário. A Azul, por exemplo, disse no início do mês, em apresentação para investidores, que o preço das passagens vai chegar a níveis recorde em 2023.
Em 2021 e, principalmente em 2022, a disparada foi motivada pela alta da demanda que estava reprimida na pandemia, malha aeroviária ainda reduzida, aumento de querosene, entre outros fatores. Agora, até há uma perspectiva de que custos com combustível possam diminuir. As companhias também estão intensificando a malha. Mas a demanda segue muito aquecida.
Um levantamento da Associação Brasileira das Empresas Aérea mostra que, só na alta temporada de agora, entre dezembro e março, serão 163,3 mil, 12% a mais do que no ano passado. No Rio Grande do Sul, serão 6.610 viagens. Vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens no Estado (Abav-RS), João Augusto Machado disse que há, de fato, uma preocupação com os preços das passagens, mas que isso não tem evitado às vendas.
— Tem bastante vendas. As pessoas estão viajando. Claro que sofremos um pouco por toda situação vivida no país, preocupados com a política, com a economia, mas de um modo geral, as pessoas estão viajando. Claro que sempre consideram o valor da passagem como um primeiro passo, mas há pacotes e promoções que permitem a viagem — falou à coluna.
Fora do país, a perspectiva é que os preços subam ainda mais, com o fim da política de Covid Zero na China e aumento de demanda na Ásia. As análises da American Express Global Business Travel indicam aumentos de até 12% na Europa e de 19% na Oceania. Isso pode, também, ter efeito cascata por aqui. Além disso, a questão do câmbio também influencia.
Por fim, além da forte demanda, as empresas ainda estão lidando com passivos da pandemia. Na última semana, por exemplo, o governo federal anunciou que as alíquotas de PIS e Cofins sobre a receita das empresas aéreas serão zeradas até dezembro de 2026. O anúncio até provocou uma expectativa de redução de preços, mas a medida não deve surtir impacto no consumidor final.
"A medida, que altera a Lei nº 14.148, é apoiada pela aviação como uma forma de fortalecer o setor após as enormes perdas enfrentadas nos últimos anos. Os prejuízos acumulados até 2021 são de R$ 41,8 bilhões, e o cenário segue desafiador para 2023 com a continuidade da alta do câmbio do dólar e do petróleo. Para o setor, esse movimento de desoneração é fundamental para a retomada das operações domésticas e internacionais no próximo ano", disse, em nota, a Associação Brasileira das Empresas Aérea.
A dica para o consumidor segue sendo a boa e velha pesquisa. Apesar dos preços maiores, as companhias aéreas costumam fazer várias promoções ao longo do ano. Outra sugestão é escolher o destino a partir do preço da passagem, ou então, montar combos em que o preço maior do tíquete possa ser compensado por um menor de hotel ou de atrações turísticas.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br) Leia aqui outras notícias da coluna