O projeto para um nova operação portuária no Canal São Gonçalo, no limite entre Rio Grande e Pelotas, teve o primeiro aval ambiental emitido. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) liberou o termo de referência definitivo, primeiro passo para o licenciamento ambiental que, ao final, libera a construção. Agora, os empreendedores responsáveis poderão dar sequência ao licenciamento, através da elaboração do Estudo de Impacto Ambiental.
A expectativa é que os estudos levem cerca de 18 meses para serem realizados, já que contemplam, por exemplo, análises das quatro estações do ano. Depois dessa fase, é emitida a licença prévia, e, na sequência, a de instalação, que autoriza início de obras.
— É uma conquista importante. Tira qualquer dúvida sobre o projeto. Já demos dois passos importantíssimos, que foi encaminhar o projeto para o Ibama e ter o retorno definitivo. O próximo agora é transformar em realidade mais uma conquista logística para o Estado — disse à coluna o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), responsável pela articulação entre os investidores e o governo federal.
O empreendimento prevê a instalação de um terminal portuário com quatro berços de atracação e uma área de dragagem de 65,7 mil metros quadrados, em frente ao cais. Também estima a instalação de um centro logístico terrestre, em uma área de 431,5 mil metros quadrados, composta por um terminal de granéis sólidos vegetais, com 10 armazéns e um pátio de armazenagem de torras de madeiras, área administrativa e estacionamento de veículos.
Esse projeto foi noticiado em primeira mão pela coluna em fevereiro. Ele é tocado por um grupo de investidores que criou a empresa Terminal Portuário Multimodal São Gonçalo. De acordo com Goergen, o novo porto é totalmente privado e atenderia uma demanda importante, se somando aos atuais terminais de Pelotas e Rio Grande. Um dos destaques é que o Canal São Gonçalo faz ligação com a hidrovia da Lagoa Mirim, que, por sua vez, se conecta diretamente com o Uruguai.
— Além de potencializar a expansão logística portuária na área da Zona Sul, você traz o Uruguai para dentro do Brasil. É um ganho enorme para o país e para o Estado — comentou Goergen à época.
No documento enviado ao Ibama para receber o termo de referência, os empresários responsáveis citaram que o terminal tem previsão de movimentar 20 milhões de toneladas de cargas por ano.
Dragagem
Para o porto sair do papel, alerta o deputado, é preciso que ocorra a dragagem do canal, uma demanda que já vem sendo pleiteada por empresários e políticos locais há algum tempo. Com a dragagem, navios maiores e carregando grandes volumes poderiam passar pela área, viabilizando a nova operação.
Duas frentes estão acontecendo neste momento para ter a dragagem. Uma é através do governo federal, por meio da concessão da hidrovia fluvial e canal São Gonçalo. Caso não aconteça por aí, o próprio porto faria uma "dragagem de berço". A empresa DTA – Engenharia Portuária & Ambiental, uma das principais do setor de dragagem no Brasil, inclusive, está fazendo o estudo da situação. A estimativa é que o investimento na dragagem gire em torno dos R$ 500 milhões.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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