Ao fazer uma entrevista, mediar um painel ou conduzir um debate, o jornalista costuma planejar uma postura austera. Sua função não é ser a notícia, mas fazer o possível para que saia dos interlocutores informação importante para o público. Mas a tarefa de William Bonner no debate dos presidenciáveis foi árdua. Xingamentos e desrespeito às regras marcaram o encontro (duelo).
O jornalista teve que relembrar incessantemente do regulamento assinado por concordância de todos os candidatos, o que já aconteceu em outros debates. Mas não me recordo de ter que pedir que alguém se calasse, que olhasse para ele, que tivesse que fazer intervenções tão longas como as que foram feitas para que candidatos voltassem para o eixo. Visivelmente, Bonner teve a paciência colocada à prova, chegou a dizer: "Vamos respirar, vamos respirar". Imaginava-se que seria um debate agressivo, mas não tanto como foi e com tantas situações que beiravam o surreal.
Eu também teria perdido a paciência. Aliás, acho que Bonner representou a indignação do telespectador (a minha, ao menos, sim), especialmente na cena que a coluna reproduz aqui e que virou imediatamente meme de internet, quando ele coloca as mãos sobre a bancada e vira para o lado com uma expressão de cansaço e incredulidade. Ele teve sua paciência testada, agiu para evitar o circo que estava se formando, mas manteve a compostura.
Propostas
Não dá para dizer que não tivemos apresentação de propostas. Houve, sim. Mas elas se perderam no meio do embate agressivo. Um candidato apresentava uma ideia para alguma dor da população, e o esperado era que o seguinte a criticasse ou não, e, eventualmente, apresentasse algo melhor. Só que na maior parte das situações, o próximo candidato engatava um assunto completamente diferente.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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